Depois de
percorrer 325 quilômetros desde que começou sua jornada às margens do rio Ailã
(primeiro rio brasileiro no extremo norte) no município de Uiramutã, caminhando
uma media de 30km por dia e enfrentando temperaturas de até 39 graus, o
ativista mineiro, José Geraldo de Souza Castro, Zé do Pedal, 56, membro do
Lions Clube de Viçosa, e Vinicius Matsumoto voluntário em seu projeto, chegaram
a Boa Vista onde foi recebido pelo presidente do Lions Clube Boa Vista Centro,
Nivaldo Matias, e por Paulo Xavier e sua esposa Iracyrema da Costa
Neves, também membros do clube de serviço, completando assim os primeiros 3% da
sua Cruzada Pela Acessibilidade, que o levará a percorrer 10.700km, empurrando
uma cadeira de rodas, passando por 20 estados (Roraima, Amazonas, Pará,
Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia, Goiás, Brasília, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), finalizando no município do Chuí,
extremo sul do Brasil.
Depois de uma cerimônia simples que contou com a
presença de alguns indígenas da Maloca Uiramutã, o ativista começou seu périplo
dia 10 de fevereiro havendo cruzado praticamente toda Área Indígena Raposa
Serra do Sol, cujos principais habitantes são os indígenas Wapixana, Taurepang,
Ingarikó,
“Foi gratificante percorrer estes 325km.
Apesar das altas temperaturas estou muito feliz com o desenlace do projeto. Em
todas as comunidades indígenas que chegávamos éramos recebido com carinho pelos
indígenas, bem como nas fazendas onde chegávamos, muitas vezes, já noite
avançada e éramos recebidos com boa hospitalidade. Um desses momentos foi no
100 (KM 100 entre Boa Vista e Pacaraima). Paramos para dormir na Igreja
Assembléia de Deus e de manhã o pastor, Sávio Vanderley da Silva, ao ver o
escapamento do carro solto, sem mais cerimônias, e em um grande gesto, deitou
debaixo do carro parra arrumá-lo. Isso marca”. Zé do Pedal comentou que o único
problema encontrado ficou por conta do acostamento da BR-174, que em muitos
pontos tem um degrau de mais de 10cm de altura, principal motivo dos constantes
acidentes. “A pista de rolamento é estreita, e quando alguém comete alguma
imprudência obrigando o automóvel que vem em direção oposta sair da pista de
rolamento, com certeza o capotamento, muitas vezes com vítimas fatais, é
inevitável. As margens da BR estão cheias de carcaças de carros acidentados,
bem como uma quantidade imensa de lixo, principalmente latas de cervejas e
refrigerantes”.
O ativista foi homenageado pelo ex-governador do
Lions, Raimundo Pantoja, com a medalha comemorativa aos 30 anos do Lions Clube
Boa Vista Caçari, e pelo Presidente do Lions Clube Boa Vista Centro, CL Nivaldo
Martins, com um troféu alusivo aos 45 anos do clube
Zé do Pedal permaneceu alguns dias na capital
roraimense, onde participou de uma reunião da Câmara de Vereadores, e
preparando para uma das partes mais complicadas do projeto: chegar a Manaus
(750km) cruzando a reserva indígena Waimiri-Atroari onde é proibido parar. “fiz
contato com o escritório das comunidades lá em Manaus e espero poder cruzar sem
problemas a reserva. Espero que as autorizações que solicitei sejam emitidas
antes de chegar à Vila Jundiá. Dando tudo certo, pretendo chegar a Manaus mais
ou menos dia 25 de março, e comemorar os primeiros 10% da caminhada em frente
ao Teatro Amazonas, inaugurado em 1896, sendo a expressão mais significativa da
riqueza de Manaus durante o Ciclo da Borracha”.
A caminhada terá um ano de duração e culminará em
fevereiro de 2015, na cidade de Chuí, fronteira Sul do Brasil com Uruguai.
Durante a caminhada, na qual serão dados 150
milhões de passos, serão distribuídas cartilhas, em formato digital, sobre a
Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e, ao mesmo
tempo, em parceria com os Lions Clubes do Brasil e ONGs realizar projetos e
palestras em escolas nas comunidades visitadas visando atrair a atenção sobre
um dos principais problemas que afetam às pessoas com necessidades especiais:
as barreiras arquitetônicas.
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