segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

LABORATÓRIO





O ministro Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Lula, está concluindo uma peregrinação pelo Nordeste. Esse carioca, neto de baiano e criado nos Estados Unidos - de onde carrega um forte sotaque -, tem um objetivo audacioso: transformar os estados nordestinos no laboratório de onde sairá um novo projeto de desenvolvimento para o Brasil. Não só isso. Ele quer que essa nova proposta tome o lugar do modelo paulista como paradigma econômico do País.

Em outras palavras, o que o ministro propõe é que, na região mais pobre do País, seja construído o projeto que deixará para trás o mais bem sucedido exemplo de expansão econômica da América do Sul. A base para a proposta está na crença de que o Nordeste, em sua avaliação, é um terreno fértil para o experimentalismo. E faz uma inusitada analogia entre a região que carrega o estigma da miséria brasileira e o país que mais cresce no planeta.

“O Nordeste é, de alguma maneira, a nossa China. Mas pode ser a nossa China no mal sentido ou no bom sentido. Será a China no mal sentido se for apenas um manancial de trabalho barato. E será a China num bom sentido se virar uma grande fábrica de engenho e inovação”, avalia.

Na tentativa de formatar uma proposta que conduza a região a se tornar uma “China tupiniquim”, no melhor sentido, Mangabeira aponta os riscos embutidos em grandes projetos que habitam os sonhos dourados de crescimento regional - alguns bem próximos do cotidiano cearense. “Uma ilusão, que preenche o vazio de projeto de desenvolvimento, é o fascínio por grandes projetos industriais: siderúrgicas e refinarias. Não funcionam, muitas vezes, como catalisadores de um conjunto de desenvolvimento regional. Não multiplicam os vínculos com a economia circundante. Pelo contrário, isolam-se”, afirma.

Jornal O Povo

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