terça-feira, 16 de março de 2010

No Ceará, filha de Che é alvo de protesto

Ao mesmo tempo em que a filha do líder revolucionário Che Guevara, Aleida Guevara, defendia, no Ceará, a libertação de cinco presos políticos cubanos nos Estados Unidos, ela foi cobrada por membros do movimento Crítica Radical sobre a libertação dos cerca de 200 presos políticos em Cuba. O episódio, que trouxe à tona um conflito de opiniões que já toma conta das rodas de debate em todo o mundo, aconteceu ontem durante audiência pública na Assembleia Legislativa.

Mal o encontro começou, o grupo, que prega o fim do capitalismo e do próprio socialismo, ergueu diversas faixas e gritou palavras de ordem que tinham como alvo certo Aleida Guevara. ``Nem embargo, nem perseguição, anistia e emancipação``, repetiam os manifestantes.

Em resposta, sem fazer referência aos presos em Cuba, a filha de Che Guevara garantiu que os cubanos presos nos Estados Unidos estão injustamente sendo acusados de terrorismo. Segundo ela, três deles estão condenados à prisão perpétua e dois à cadeira elétrica. ``Ninguém conhece a verdade sobre os cinco prisioneiros. Cuba não está pedindo clemência, mas exigindo que o governo dos Estados Unidos cumpra suas próprias leis``, sublinhou.

Para tentar provar que a nação errada nessa discussão são os Estados Unidos, Aleida afirmou que o país rival gasta US$ 100 milhões anualmente para financiar grupos dissidentes em Cuba, além de enviar outros US$ 5 milhões para as embaixadas de diversos países fazerem propaganda negativa do único país na América que ainda sustenta um regime comunista.

Tentando fazer um contraponto à fala de Aleida, a ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luíza & que integra o Crítica Radical & condenou o fato de pessoas serem presas em Cuba por criticarem o sistema de governo. Além disso, afirmou que o socialismo praticado em Cuba não conseguiu promover a ``verdadeira emancipação humana``, já que as relações continuam sendo mediadas pelo dinheiro. ``A ideologia é algo danoso porque muitas vezes impede que vejamos a sociedade como ela é``, afirmou.

O protesto provocou a ira dos que defendem o regime cubano. O padre Haroldo Coelho, por exemplo, disse que o Crítica Radical estava reproduzindo o que, segundo ele, a imprensa comprometida com o imperialismo diz. ``É lamentável que pessoas que se dizem radicalmente contra a exploração do homem pelo homem possam aumentar o coro das vozes fascistas e imperialistas só porque Cuba prendeu aquele marginal``, disse o esquerdista, se referindo Orlando Zapata, que morreu após 85 dias de greve e fome.

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EMAIS

QUEM É ALEIDA GUEVARA

- Filha mais velha de Ernesto Che Guevara, Aleida Guevara March é médica pediatra atuante e filiada ao Partido Comunista Cubano (PCC) há mais de 15 anos. Ela atende a consultas no Hospital William Soler, em Havana.

- Che Guevara estava na China, por conta de uma viagem diplomática, no momento em que Aleida nasceu, no dia em 24 de novembro de 1960. Quando seu pai foi assassinado, ela tinha seis anos de idade.

- Aleida atuou como voluntária internacionalista por dois anos em Angola e um na Nicarágua, nos anos 80, e é mãe de duas meninas. Ela também colabora com o Instituto Cubano de Amizade aos Povos. O objetivo é defender Cuba pelo mundo.

QUEM É O CRÍTICA RADICAL

- O movimento Crítica Radical surgiu a partir de um grupo político que atua junto há cerca de 30 anos. Originalmente atuou dentro do marxismo tradicional, para depois aderir ao estudo aprofundado dos Grundrisse - manuscritos de Marx. Essa linha teórica é mesclada com o livro O Colapso da Modernização, de Robert Kurz.

- Entre os principais membros está a ex-prefeita de Fortaleza Maria Luíza e a ex-vereadora Rosa da Fonseca. O grupo defende, dentre outras ideias, o fim da política. Por isso, em todas as eleições defendem a greve do voto, por ser mais uma exigência do Estado. Para eles, a superação do capitalismo só se dá pela total emancipação humana e pelo fim da valorização do dinheiro

fonte: Jornal O Povo

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