Depois de quase dois anos pregando a necessidade de renovar seus quadros em São Paulo, PT e PSDB se renderam às pesquisas e ao recall de eleições anteriores. Ao que tudo indica, as duas siglas entrarão na disputa pelo maior colégio eleitoral do País com nomes que, apesar de serem velhos conhecidos do eleitorado, saíram derrotados de suas últimas passagens pelas urnas.
Com um desempenho nas pesquisas próximo de 50%, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), hoje secretário paulista do Desenvolvimento, é tido por aliados como nome certo na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O otimismo foi reforçado nos últimos dias, quando o secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes, outro cotado para o posto, passou a manifestar internamente seu interesse em se lançar ao Senado.
Já o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) está a um passo de oficializar a candidatura. Espera uma resposta formal do deputado Ciro Gomes (PSB) ao convite que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para concorrer no Estado, o que não deve ocorrer antes de abril. Na semana passada, entretanto, Ciro avisou ao líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que riscou São Paulo de sua lista e liberou o PT a buscar outra opção.
Há algum tempo, o plano para o qual caminham PT e PSDB atraía mais críticos do que adeptos. Em 2006, Mercadante perdeu a vaga para o atual governador José Serra (PSDB). Enfrentava denúncias de envolvimento do seu ex-assessor Hamilton Lacerda na tentativa de compra de um dossiê contra tucanos, no escândalo dos "aloprados".
No mesmo ano, Alckmin perdeu a corrida presidencial para Lula. Dois anos depois, amargou o terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo - atrás do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que tinha o apoio do time de Serra, e da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), que agora ensaia uma candidatura ao Senado.
Nos dois partidos, novatos que tentaram se viabilizar acabaram atropelados. Entre os tucanos, Aloysio Nunes era favorito no fim de 2008. Tinha o apoio de Serra, combinado ao bom trânsito com prefeitos. O quadro começou a mudar quando Alckmin ingressou no secretariado paulista. "O que enxergamos é um processo cumulativo. Cria-se uma propensão do eleitor a votar em uma determinada pessoa e é muito difícil fugir disso", diz o deputado José Aníbal (PSDB-SP), ex-líder tucano na Câmara.
No PT, a lista de opções incluía o ministro da Educação, Fernando Haddad. Desde o início, ele era alvo de resistência no PT paulista, que se queixava de sua inexperiência nas urnas e de sua proximidade com o ex-ministro da Justiça Tarso Genro. Para completar, veio o vazamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), revelado pelo Estado no ano passado.
Nem mesmo petistas que foram bem-sucedidos em atrair apoio interno conseguiram se viabilizar, como é o caso do prefeito de Osasco, Emidio de Souza. Sem passar de 3% a 4% nas pesquisas petistas, ele caiu para o fim da fila. Mercadante, por outro lado, despontava com a melhor combinação entre intenções de voto e rejeição. "Não vamos lançar candidato para perder. Vamos lançar um candidato para ganhar", diz Vaccarezza.
O empenho em encontrar um candidato ao Palácio dos Bandeirantes que seja conhecido dos eleitores também encabeça a lista de prioridades do PV. O alvo é o ex-deputado Fabio Feldmann, que já começa a dar sinais de que poderá aceitar a tarefa. No PSB, o nome é Paulo Skaf, presidente da Fiesp e novato em eleições. Mas, se depender de alguns setores do PT, ele poderá ficar como vice na chapa de Mercadante.
ARTICULAÇÕES
Geraldo Alckmin (PSDB)
Ex-governador de São Paulo e atual secretário de Desenvolvimento do governo Serra, ele saiu derrotado nas duas últimas eleições que disputou
Aloysio Nunes (PSDB)
Apontado em 2008 como o favorito para disputar o Palácio dos Bandeirantes pelo PSDB, começa a sinalizar que gostaria de disputar uma cadeira no Senado
Aloizio Mercadante (PT)
Dizia preferir a reeleição ao Senado, mas foi pressionado pelo PT e pelo presidente Lula para se colocar como alternativa a Ciro Gomes (PSB) em São Paulo
Ciro Gomes (PSB)
Foi convidado por Lula a trocar a corrida presidencial pela disputa em São Paulo, mas só planeja dar uma resposta formal no mês de abril
Jornal O Estado de São Paulo
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