O espectro da seca começa a rondar os lares pobres do sertão como ave de mau agouro, antevendo um período de dificuldades. No campo, onde o agricultor plantou, junto com as sementes de arroz, feijão e milho, a esperança de uma boa safra, o quadro é desolador. O feijão está morrendo antes da colheita das primeiras vagens. O milho, soltando o pendão, está murchando. O arroz morre de sede e sol. Conforme levantamento feito pelas Sucursais no Interior, já são 63 municípios que registram veranicos e plantios comprometidos devido a seca verde. Equivale a 34,23% do total de cidades no Estado.
Na região de Porteiras e Brejo Santo, a perda é quase total. O pouco legume que sobreviveu, não tem sustentabilidade. Mesmo com a continuidade das chuvas, a colheita está comprometida, lamenta o agricultor Osvaldo Moraes, residente na Vila Palmeirinha, distrito de Ponta da Serra.
A paisagem do Cariri está verde. Os grandes açudes estão com mais da metade de sua capacidade, mas não existe perspectiva de safra. Por enquanto, não tem faltado pasto e água para o gado. É a "seca verde" que dá impressão de que há chuvas, diante da paisagem verde, mas as plantações não apresentam sustentabilidade, devido aos veranicos registrados na região. Esta realidade é confirmada pelo coordenador regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Francisco Alves. Ele explica que ainda não foi feito um levantamento do índice de perda mesmo porque, segundo avalia, a maioria dos agricultores nem sequer plantou. Porém, quem já se antecipou com o cultivo das primeiras lavouras, perdeu tudo. Muitos, entretanto, ainda estão esperando o início do inverno.
fonte: Diário do Nordeste
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