A Câmara dos Deputados cassou nesta quarta-feira
o deputado André Vargas (sem partido) por 359 a 1, com seis
abstenções. O único voto contrário foi o deputado federal cearense José
Airton (PT), apesar da orientação contrária do partido de apoiar a
punição do ex-filiado.
Os parlamentares decidiram condenar Vargas por envolvimento em negócios com o
doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação
Lava Jato por participação em um esquema de lavagem de dinheiro. O
parlamentar é acusado de ter intermediado, no Ministério da Saúde, contratos
com o doleiro.
Vargas não participou da sessão, nem indicou representante legal para fazer sua
defesa. Em uma última tentativa de adiar a votação, ele apresentou, na noite de
ontem (9), um pedido à Mesa da Casa alegando que está se recuperando de uma
cirurgia odontológica. Como o recurso não passou pela perícia da junta médica
da Câmara, a orientação foi pela rejeição do pedido. “Não tem validade
regimental. Também foi facultada a indicação de um advogado e também não foi
feito”, explicou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves(PMDB-RN).
O deputado Eurico Júnior (PV-RJ), indicado advogado ad hoc em uma das fases do
processo contra Vargas, ofereceu-se para ler a justificativa que Vargas
apresentou no recurso à Comissão de Constituição e Justiça de Cidadania (CCJ).
Na ocasião, ele disse que houve cerceamento de defesa no processo do Conselho
de Ética. “Fui indicado a contragosto”, explicou Eurico Júnior, enfatizando que
só leria a carta para que a votação ocorresse.
O pedido de cassação contra Vargas foi aprovado no início de agosto no Conselho
de Ética. “Por 11 a 0. [O parecer] deixa de ser um parecer do Júlio Delgado
[PSB-MG, relator do caso no Conselho de Ética]. Não tenho nada contra o
deputado André Vargas não fosse o desvio que atenta contra a ética e o decoro
parlamentar”, explicou o parlamentar mineiro.
A sessão para analisar a representação começou às 11h e foi cancelada, quase
duas horas depois, por falta de quórum, o que tumultuou o plenário da Câmara.
Delgado protestou e lembrou que o quórum estava quase composto. Para a votação,
seriam necessários, no mínimo, 257 votos.
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