O jornalista Ricardo Kotschorevela os bastidores por trás da eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados.
Eis um trecho de sua coluna publicada no Balaio do Kotscho:
"Eduardo Cunha não esconde os métodos empregados para montar sua bancada particular, que reúne mais de 50 parlamentares fiéis, de diferentes partidos, um número que não para de crescer nestes dias de campanha pela presidência. "Este ano não tive dificuldade para captar. Até sobrou dinheiro na minha campanha", disse candidamente aos repórteres David Friedlander e Catia Seabra, da Folha de S. Paulo, após a campanha eleitoral de 2014. "Na maioria das vezes, são as empresas que me procuram. Até porque, tenho a mesma visão delas".
E não são empresas pequenas: Bradesco, BTG Pactual, Safra, Santander, Vale, Ambev e Coca-Cola estão na lista dos doadores que deram ao peemedebista um total declarado de R$ 6,8 milhões. Se sobrou dinheiro, como ele afirma, não é difícil imaginar como Cunha fez para ajudar nas campanhas de sua base suprapartidária, além de dar conselhos, é claro.
Enquanto isso, o ministro Gilmar Mendes continua dando vistas e não devolve o processo já aprovado pelo Supremo Tribunal Federal, por 6 votos a 1, que acaba com o financiamento privado de campanhas.
Sem estas doações desinteressadas, como Eduardo Cunha poderia montar sua bancada particular e surgir como franco favorito para assumir a presidência da Câmara nos próximos dois anos, desafiando os caciques do seu próprio partido? O deputado Gastão Vieira, do Maranhão, que já foi seu rival e recebeu a módica ajuda de R$ 300 mil para fazer campanha, só tem elogios a fazer à generosidade de Cunha: "Ele ajudou todo mundo", admitiu aos repórteres da Folha. Um dos doadores, executivo de grande empresa, revelou que Cunha lhe pediu ajuda para um grupo de 20 a 30 candidatos a deputado, em sua maioria do Nordeste, de Minas Gerais e do Rio.
Claro que esta turma toda de eleitores cativos de Cunha não pode nem ouvir falar em reforma política. Se está bom demais assim, para que mudar as regras do jogo?"
Brasil 247Kotscho
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