Com quase três semanas de exercício no cargo de presidente da República, Dilma Rousseff (PT) concretiza uma ironia política. Ela foi eleita sob os auspícios de Luis Inácio Lula da Silva, mas a nova presidente é o oposto do antecessor. Sem muita disposição para o cotidiano burocrático do cargo, Lula foi o presidente dos palanques. No Palácio, o ex-presidente dedicava-se a eventos. Participava de até três por dia. Um discurso para cada um. Deles, surgiram as pérolas de uma fala que não tinha muito compromisso com a realidade. Já o dia a dia de Dilma é de agenda cheia, com muitas audiências de conteúdo técnico. Nessas audiências, o interlocutor que não estiver preparado vai se confrontar com uma presidente que leu os projetos, que interfere em seu conteúdo e que cobra metas. Ao contrário de Lula, a presidente Dilma não gosta de se expor para a imprensa e tem pouca paciência para ouvir interlocutores políticos na hora de embasar a tomada de decisão, que não costuma ser demorada. No estilo, talvez o candidato derrotado, José Serra, um político profissional, seja menos diferente de Lula do que a candidata bancada por ele.
fonte: jornal O Povo
coluna Fábio Campos
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