domingo, 2 de janeiro de 2011

PROFESSOR CID TEIXEIRA


Por Emerson Monteiro


Ainda vivendo em Brejo Santo, início dos anos 70, quando, então, tomei conhecimento do seu nome, apresentador que era do programa Enciclopédia Cultura, nos microfones da Rádio Cultura da Bahia. Respondia as perguntas de ordem geral mandadas pelos ouvintes da emissora.
- Quem foram Sacco e Vanzetti?
- Foram dois operários anarquistas italianos julgados e condenados, nos Estados Unidos da América, na década de 20, acusados de assassinar um contador americano e um guarda de fábrica, sob provas insuficientes, segundo a história. O processo gerou profundas dúvidas, que ganharam as ruas e provocaram desdobramentos políticos e intranquilidade pública – considerava este e outros assuntos, de hora em hora, com sua voz pausada, o professor Cid Teixeira, em atenção ao que lhe indagavam por telefone ou carta. Lembro bem dessa resposta, ouvida em um dos programas daquela época.
Pouco mais adiante, já em Salvador, fui seu aluno da disciplina Cultura Brasileira, no curso de Comunicação da Universidade Federal, e dele me aproximei, para estabelecer relativa amizade. Ao saber de minhas origens caririenses, um dos trabalhos que me passou teve por tema O caráter místico do Padre Cícero, o qual depois sairia na revista Itaytera, do Instituto Cultural do Cariri, mandado que fora, por mim, ao professor Figueiredo Filho, com quem me correspondia.
Nas nossas conversas em sala e nos corredores da Faculdade, certa feita lhe interroguei a propósito do ato leitura, uma das minhas constantes preocupações desde a infância:
- Professor, por que ler tanto livro, revista, jornais, se a gente, às vezes, esquece até os títulos, autores, detalhes? Qual a finalidade disso, desse interesse pela escrita?
Habilidoso e educado, falando com simplicidade, respondeu:
- Cultura é exatamente o que permanece quando tudo o mais sumir das lembranças da memória. O aperfeiçoamento, a sabedoria, resultam dos esforços despendidos na aquisição do conhecimento através da leitura. O amaciamento na consciência para ali sempre permanecerá.
Guardei aquela definição de cultura qual coisa preciosa, pois tocara em mim que me empenho na busca constante dos autores, livros, livrarias e bibliotecas, costume mantido há longa data.
Nas avaliações históricas das civilizações, a invenção da escrita ocupa lugar destacado na geração do progresso humano, herança de textos guardados e traços que unem os povos em termos de qualidade adquirida e preservada.
Assim, felizes os que aprenderam a ler. E mais felizes, ainda, os que conservam o hábito valioso da leitura em suas vidas.

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