terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O mundo não acabou


O mundo acabou no Haiti. Essa frase se espalhou em manchetes mundo afora, ecoando o sentimento de pavor que aquelas cenas dantescas provocaram. A vida acabou para mais de 100 mil pessoas, entre elas soldados brasileiros em missão de paz.



O cenário de destruição produzido por abalos sísmicos com impacto equivalente a 30 bombas nucleares parecia mesmo o armagedom. O mundo acabou no Haiti. Essa frase se espalhou em manchetes mundo afora, ecoando o sentimento de pavor que aquelas cenas dantescas provocaram. A vida acabou para mais de 100 mil pessoas, entre elas soldados brasileiros em missão de paz.

Sob os escombros de um país que já enfrentava toda sorte de sofrimento, como pobreza e violência, estava um anjo que fez o Brasil ter mais motivo para prantear. Zilda Arns também foi vítima da tragédia que abalou a pequena Porto Príncipe. Mas não esteve ali para falar do fim do mundo, foi mensageira de palavras de esperança, de vida. Vida em abundância. Ela foi levar o sentimento de solidariedade impregnado na Pastoral da Criança, que ela ajudava a disseminar pelo mundo.
O cinema tem um bom repertório de películas que anunciam o fim do mundo; dos chamados filmes catástrofes, o lançado mais recentemente foi “2012”, de Roland Emmerich. Baseado numa lenda inca, a história narra as grandes mutações geológicas que aconteceriam em 2012, decretando o fim do planeta.

Os arautos do apocalipse veem nesses terremotos a profecia cristã escrita em Mateus 24, 7-8: “Haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isso será o início das dores”. Com efeito, depois do grande abalo no Haiti, outros se repetiram. Ainda na quarta-feira ocorreu um da magnitude de 6,1 graus da escala Richter, piorando o caos no país. Na mesma semana, a terra tremeu nas Ilhas Caimã (5,8 graus), México (4,9), Argentina (5,3) e em Porto Rico.

Mas o mundo não acabou para os otimistas. Pelo contrário, ele renasce com a hecatombe dos haitianos, que fez brotar no coração do homem de cada parte do planeta uma profusão de sentimentos humanitários e de socorro às vítimas. Um rio de solidariedade flui dos quatro cantos do globo e deságua no Haiti. Escolas, associações, profissionais se arregimentam para enviar donativos ou oferecer seus serviços em hospitais de campanha do exército brasileiro. Pessoas físicas e jurídicas se entregam num mutirão como há muito não se via. A dor daquele povo se derrama em nossa retina e nos coloca como num canto de ringue, nocauteados sem entender direito as causas de tanta tragédia.

O primeiro território de nossa América a conquistar sua independência política continuou escravo das condições políticas e sociais ao longo do tempo. Uma nação sofredora, a mais pobre, a mais desigual. A história do Haiti é uma constante luta contra forças políticas externas e internas e agora contra as forças da natureza.

O Haiti deixa também uma lição de esperança. O mundo não vai acabar enquanto houver solidariedade.

Professor Teodoro/Deputado estadual

Nenhum comentário: