Há aproximadamente dois anos, a Companhia das Letras lançou, o “Best-Seller” do jornalista Lira Neto ,“Padre Cícero, Poder, Fé e Guerra no Sertão”. É quase impossível ficar indiferente a este trabalho do Lira Neto, pois “Com base em documentação farta e inédita, o jornalista promove um mergulho nessa vida surpreendente e pouca conhecida – e também resgata algumas das inquietações políticas e sociais que ajudaram a moldar o Brasil do Século XX” .
O curioso é que após a leitura do Lira Neto, reencontrei uma edição da Editora Ática, sobre o tema “Guerras e Revoluções Brasileiras – Juazeiro: Guerra no Sertão”. É uma coleção que aborda os principais conflitos armados da história do Brasil, através de um texto informativo e acessível ao estudante do Ensino Médio. Assim Roniwalter Jatobá, este é o autor, tenta fazer ressurgir neste título a história do Juazeiro e do Padre Cícero, “Num cenário dinâmico, rico e instigante”.
Apesar do livro do Lira Neto ser uma obra de grande fôlego e dimensão, a outra com apenas 40 páginas (isto mesmo!) tem pontos de contato com a do jornalista Neto. Em literatura seria uma intertextualidade não declarada. Os próprios títulos dialogam, sendo que a denominação da obra do Jatobá é reduzida, já o Lira Neto amplia-o, trocando Juazeiro por Padre Cícero (uma excelente metonímia) e acrescenta à guerra, poder e fé no sertão.
Não pretendo valorizar extremamente o trabalho de Jatobá e inquirir que o Lira Neto o parodiou. Longe disso. O trabalho mais recente é um documento de grande relevância.
Na verdade, quero mostrar as coincidências e, recomendar a àqueles que querem ter um contato inicial com nossa história que, comecem pelo Jatobá.
Por Flávio Queiroz
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