O escritor e educador Rubem Alves morreu neste sábado (19), vítima de falência múltipla de órgãos, aos 80 anos. Ele estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Centro Médico de Campinas (a 93 km de São Paulo).
Rubem Alves foi internado no último dia 10 com um quadro de insuficiência respiratória, devido a uma pneumonia. Segundo boletim médico, ele tinha apresentado agravamento das funções renais e pulmonares na sexta (18).
O velório acontece desde a noite de ontem, no Plenário da Câmara Municipal de Campinas.
Se um dia a escola deixar de ser chata, terá se tornado realidade um dos principais objetivos da vida de Alves. Desde ao menos a década de 1980, ele pediu por meio de livros, colunas e entrevistas que os colégios deixassem de massacrar os estudantes com conteúdos que serão cobrados no vestibular e depois esquecidos. E que passassem a mostrar o que os jovens veem e verão na vida.
Nascido em 15 de setembro de 1933, no sul de Minas Gerais, Alves recebeu experiência acadêmica em diferentes áreas e locais. Formou-se teólogo no Seminário Presbiteriano de Campinas e doutor em Princeton (EUA); psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise.
Publicou mais de 120 títulos, sobre filosofia, educação, literatura infantil e teologia, distribuídos em 12 países.
Um deles, A Theology of Human Hope, de 1969, é considerado o lançamento de uma linha de pensamento que depois seria definida como Teoria da Libertação (que defende uma Igreja próxima dos movimentos sociais).
Ele se apegou à religião ainda menino, justamente por dificuldades com a educação -não tinha amigos num colégio tradicional do Rio porque era considerado caipira de Minas Gerais.
Foi também professor na Universidade de Birmingham (Inglaterra) e da Unicamp, onde se aposentou.
Na universidade de Campinas, ocupou cargos de direção. Convenceu-se de que o vestibular é um dos grandes problemas da educação, pois as escolas, sob a expectativa dos pais, se concentram em passar conteúdos das matérias que cairão no exame.
Durante as discussões sobre a seleção, gostou da ideia de abandoná-la para a implementação de um sorteio, o que deixaria os colégios livres para permitir que os alunos pudessem “ouvir música, ler”. A proposta não vingou.
Em um dos seus últimos textos no jornal Folha de São Paulo, “Sobre o morrer”, publicado no fim de 2011, afirmou que não gostaria de ter uma morte repentina, pois desejava conversar com as pessoas que gostava ou simplesmente ficar em silêncio. (Folhapress)
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