Abril está acabando e ainda
não foi concluído o processo da
primeira compra centralizada de
medicamentos da atenção básica
e secundária entre os municípios e
o governo estadual, por meio da
Coordenadoria de Assistência
Farmacêutica (Coasf), da
Secretaria da Saúde do Estado
(Sesa), referente à programação de 2016. Resultado: nas cidades do
Interior, a população sofre com a
escassez dos remédios que são
distribuídos gratuitamente.
Os gestores municipais reclamam do atraso na entrega dos medicamentos por parte
da Sesa. O que não falta é queixa de ambos os lados. No fim da manhã de ontem,
cinco moradores voltaram da farmácia municipal sem remédios prescritos por
médicos das unidades de Saúde.
Sofrimento
A população pobre é a que mais sofre. Francisco Noé de Souza, agricultor, não
conseguiu antibiótico e anti-inflaamatório para um irmão que sofreu um acidente.
Marcone de Souza, comerciário, buscava um remédio em falta há vários meses para a
mulher, que sofre de diabetes.
Esses são exemplos que se repetem diariamente em Iguatu e na maioria dos
municípios do Interior.
Segundo o secretário de Saúde do município de Crateús, Ângelo
Nóbrega, a irregularidade na distribuição dos medicamentos foi agravada nos últimos
três anos. "Antes, o Estado era modelo, mas desde 2013 que o programa vem
desandando e há muito atraso", disse.
Ângelo Nóbrega observa que o desabastecimento é constante, ocasionando
problemas para os gestores. "A população joga a culpa nos municípios e em alguns
casos há exploração política, mas a responsabilidade é do Estado", frisou.
"O elenco de
medicamentos, a cobertura médica e a demanda cresceram, mas o Estado não se
equipou de forma técnica e administrativa para acompanhar essa evolução".
Sem receber ainda a primeira cota referente a 2016, os estoques estão chegando ao
fim. Muitas cidades ainda têm crédito referente ao último trimestre de 2015 de
medicamentos para receber. Em Iguatu, por exemplo, havia cerca de R$ 130 mil. Na
semana passada, liberaram um reparte no valor de R$ 100.
O atraso aumenta o custo dos municípios, que são os responsáveis pelo envio de um
carro para receber os lotes liberados. "Em vez de vir de uma vez, há liberação mensal",
observa o coordenador de Assistência Farmacêutica de Iguatu, Adriano Saraiva. "A
programação trimestral somente é atendida parcialmente, por isso, os atrasos se
acumulam ao longo do ano".
Das 184 cidades cearenses, 181 fazem parte da pactuação. A compra é feita em
grande quantidade o que garante o poder de barganha do Estado. No entanto, devido
às licitações, problemas de logística e outros entraves à remessa dos remédios esta
atrasa bastante. "Quando a gente espera que cheguem 80% dos remédios, chegam
apenas 50%", disse Alencar.
A Sesa informou que, no último dia 12 deste mês de abril, foram repassados
diferentes medicamentos a Iguatu. Informou, ainda, que a insulina já foi adquirida e no
início da próxima semana será liberada aos municípios.
No dia 14 de abril, a Câmara Técnica da Assistência Farmacêutica, formada por
gestores e técnicos da assistência farmacêutica do Estado e por representantes das
secretarias de saúde dos municípios, reuniu-se para programar a liberação de
medicamentos. Ontem, houve nova reunião para definir o programa.
Publicado no Diário do Nordeste
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