quinta-feira, 28 de abril de 2016

Faltam medicamentos no interior do CE

Abril está acabando e ainda não foi concluído o processo da primeira compra centralizada de medicamentos da atenção básica e secundária entre os municípios e o governo estadual, por meio da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (Coasf), da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), referente à programação de 2016. Resultado: nas cidades do Interior, a população sofre com a escassez dos remédios que são distribuídos gratuitamente. Os gestores municipais reclamam do atraso na entrega dos medicamentos por parte da Sesa. O que não falta é queixa de ambos os lados. No fim da manhã de ontem, cinco moradores voltaram da farmácia municipal sem remédios prescritos por médicos das unidades de Saúde.

Sofrimento

A população pobre é a que mais sofre. Francisco Noé de Souza, agricultor, não conseguiu antibiótico e anti-inflaamatório para um irmão que sofreu um acidente. Marcone de Souza, comerciário, buscava um remédio em falta há vários meses para a mulher, que sofre de diabetes. Esses são exemplos que se repetem diariamente em Iguatu e na maioria dos municípios do Interior.

Segundo o secretário de Saúde do município de Crateús, Ângelo Nóbrega, a irregularidade na distribuição dos medicamentos foi agravada nos últimos três anos. "Antes, o Estado era modelo, mas desde 2013 que o programa vem desandando e há muito atraso", disse. Ângelo Nóbrega observa que o desabastecimento é constante, ocasionando problemas para os gestores. "A população joga a culpa nos municípios e em alguns casos há exploração política, mas a responsabilidade é do Estado", frisou.

"O elenco de medicamentos, a cobertura médica e a demanda cresceram, mas o Estado não se equipou de forma técnica e administrativa para acompanhar essa evolução". Sem receber ainda a primeira cota referente a 2016, os estoques estão chegando ao fim. Muitas cidades ainda têm crédito referente ao último trimestre de 2015 de medicamentos para receber. Em Iguatu, por exemplo, havia cerca de R$ 130 mil. Na semana passada, liberaram um reparte no valor de R$ 100. O atraso aumenta o custo dos municípios, que são os responsáveis pelo envio de um carro para receber os lotes liberados. "Em vez de vir de uma vez, há liberação mensal", observa o coordenador de Assistência Farmacêutica de Iguatu, Adriano Saraiva. "A programação trimestral somente é atendida parcialmente, por isso, os atrasos se acumulam ao longo do ano".

Das 184 cidades cearenses, 181 fazem parte da pactuação. A compra é feita em grande quantidade o que garante o poder de barganha do Estado. No entanto, devido às licitações, problemas de logística e outros entraves à remessa dos remédios esta atrasa bastante. "Quando a gente espera que cheguem 80% dos remédios, chegam apenas 50%", disse Alencar.

A Sesa informou que, no último dia 12 deste mês de abril, foram repassados diferentes medicamentos a Iguatu. Informou, ainda, que a insulina já foi adquirida e no início da próxima semana será liberada aos municípios.

No dia 14 de abril, a Câmara Técnica da Assistência Farmacêutica, formada por gestores e técnicos da assistência farmacêutica do Estado e por representantes das secretarias de saúde dos municípios, reuniu-se para programar a liberação de medicamentos. Ontem, houve nova reunião para definir o programa.

Publicado no Diário do Nordeste

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