Hoje a Rede Globo comemora uma concessão que já dura 51 anos. Conquistada pelo demérito de apoiar o golpe militar de 1964. Isso significa que por mais de meio século, está nas mãos da família Marinho e das corporações que anunciam nela, a permissão para entrar na casa de mais de 67 milhões de brasileiros. Assim, defendem e fazem publicidade de suas ideias e dos seus interesses particulares por meio dos jornais, dos programas e das novelas, com roteiros pensados e escritos para conduzir o modo de consumir, de agir e de pensar da sociedade.
Essa história de que o jornalismo é imparcial, não passa de uma desculpa para dar a leviana aparência de neutralidade às reportagens e aos roteiros. Não fosse isso, a Rede Globo não concentraria em suas mãos a propriedade cruzada de todos os tipos de veículos de comunicação. Padroniza seu discurso na TV, em jornal impresso, em rádio, em portais eletrônicos e em revistas.
Nossos inimigos são grandes, nossos inimigos são muitos.
Com o acirramento da luta de classes e a polarização das forças nos últimos meses no Brasil é possível hoje, com segurança, apontarmos os dedos para aqueles que definitivamente não estão do lado dos trabalhadores. A Rede Globo é nossa inimiga!
Sim, as condições poderiam ser melhores se por exemplo, ao longo dos últimos 13 anos de governos progressistas tivesse sido realizada no Brasil uma reforma de meios como a realizada na Argentina pelo governo Kirchner. Isso sim, possibilitaria a entrada de outras vozes, não só a das corporações, nas casas dos milhões de brasileiros que assistem diariamente televisão. Como não foi feita, cabe a nós usarmos nossa criatividade para dar conta de fazer o contraponto ao discurso padronizado e elitista que chega à nós como verdade.
Frente à tantas tramoias, manobras e um combate que as vezes nos parece invencível quando olhamos para o tamanho de nossos inimigos, podemos correr o risco de perder o ânimo, de achar que tudo já está entregue ao poder do imperialismo e da burguesia que assola nossos direitos diariamente. Mas, entregar o jogo e desanimar não é uma opção. Por mais contraditório que pareça, estamos mais perto dos nossos objetivos do que nunca estivemos.
Novas possibilidades de se fazer comunicação tem emergido como instrumentos de enfrentamento ao discurso pronto e alinhado das emissoras de TV e rádio que dominam as concessões públicas. Essas concessões nunca estiveram de fato, nas mãos do povo. Por isso, o povo tem a vanguarda da criatividade para criar mecanismos de levar até os trabalhadores, às periferias e ao campo a informação por outra perspectiva.
Se na década de 1980 eram os jornais sindicais entregues nas portas das fábricas e as rádios-poste que cumpriam essa tarefa, hoje temos os jornalistas livres, a mídia independente, as redes sociais, o Brasil de Fato distribuído nos terminais, a TV dos Trabalhadores, os blogueiros progressistas e tantos outros meios que surgem a cada dia.
Esses veículos não são imparciais, eles também tem um lado e defendem os interesses de uma classe, mas o que os faz diferentes é que contam com a participação de setores da sociedade para a sua construção. Não são meros veículos de comunicação massiva, têm o dedo do povo, que propõe pautas, que são os jornalistas mesmo sem a graduação que os dê título para isso. É o sujeito de sua realidade pautando a sua própria realidade.
Se conseguimos construir inúmeras alternativas para produzir informação pelo povo e para o povo sem ter a concessão das emissoras abertas, imagine o estrago que faríamos com essas mídias nas mãos.
Com os pés no chão e as mídias nas mãos, seguiremos lutando por uma mídia democrática!
(Blog do Levante Popular da Juventude)
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