Salitre está amargando o drama da falta d´água para o consumo humano. O problema é antigo e virou rota de comercialização, na qual proprietários de carros-pipas e carroceiros lucram valores significativos com a venda d´água potável para a população.
Preocupados com a situação, que persiste há vários anos, os moradores decidiram formar a Comissão Municipal da Água, a fim de chamarem a atenção das autoridades e de segmentos sociais para a gravidade do problema, o qual resulta em uma questão de saúde pública, devido à contaminação pela água poluída que está sendo consumida pela sociedade.
A comissão resolveu também realizar uma audiência pública, que acontecerá hoje na Câmara Municipal, às 17h, durante a qual serão discutidos mecanismos que venham a ser implementados a fim de solucionar o problema. O tema da audiência pública adotado pela comissão municipal é "Temos sede, queremos água".
Carros pipa
A água, que vem de Pernambuco, é transportada por carros-pipas e uma carrada d´água com 10 mil litros chega a custar, em média, R$ 70,00. Quem não tem condições de adquirir, está consumindo água poluída dos açudes próximos à cidade.
Quando o caminhão-pipa chega, pode-se observar uma verdadeira disputa pelos moradores com baldes d´água, onde são formadas longas filas quilométricas. A cidade, apesar de contar com o abastecimento d´água monitorado pela Cagece, não conta com água nas residenciais. O que se pode perceber são torneiras das quais não sai uma gota d´água sequer.
O produtor rural Elias Antonio Albuquerque afirma que a situação da falta d´água em Salitre é muito angustiante para a população, a qual, segundo ele, paga conta d´água sem ter de fato o recurso para beber nas residências. Ele destaca ainda que ocorre um "comércio da água", que estaria resultando em um bom faturamento a donos de carros-pipas, bem como alguns carroceiros.
De acordo com o produtor rural, a água que vem dos carros-pipas, embora seja a alternativa que a população de Salitre tem, não é suficiente para atender a todos os moradores.
Problema antigo
O Diário do Nordeste já mostrou a situação da falta d´água no Município de Salitre, localizado no limite dos Estados do Piauí e Pernambuco. O problema, que prejudica os cerca de 16 mil habitantes da cidade, foi denunciado pelo jornal em matéria de julho do ano de 2007.
Foi apontado que a falta de poços profundos fazia com que a população pagasse R$ 3,00 por uma carroça de água ou R$ 0,50 por uma lata. Também foi ressaltado que a água do único poço profundo em funcionamento neste Município da região do Cariri é salgada, embora carroças sempre estejam por perto do poço, em busca de água.
Ainda segundo a matéria, na área do Município, foram construídas cerca de 480 cisternas, reservatórios cilíndricos, cobertos e semi-enterrados que permitem o armazenamento de água da chuva para consumo humano. Diante da situação na cidade, os equipamentos acabam funcionando como uma espécie de depósito de água. Em 2007, uma comitiva formada por representantes de 23 entidades e associações de Salitre esteve em Fortaleza, em um encontro com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, para tratar sobre o problema de abastecimento.
fonte: DN
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