Publicado hoje no Jornal O Povo:
O atual pontífice da Igreja Católica Romana está se tornando um estorvo para a cultura capitalista conservadora. Os seus pronunciamentos e condutas entram em choque frequentemente com a estupidez da idolatria narcísica na civilização da imagem e no culto do corpo. Além disso, investe contra a transformação do lucro e aumento do patrimônio como único objetivo da vida.
Os energúmenos da chamada cultura pós-moderna aplaudem toda sorte de besteiras superficiais, porque isso, além de facilitar o consumo, bloqueia a inteligência. O consumismo necessita de indivíduos contraditoriamente astuciosos e de grande intelecto robótico, para facilitar a absorção da publicidade sem crítica.
Os energúmenos da chamada cultura pós-moderna aplaudem toda sorte de besteiras superficiais, porque isso, além de facilitar o consumo, bloqueia a inteligência. O consumismo necessita de indivíduos contraditoriamente astuciosos e de grande intelecto robótico, para facilitar a absorção da publicidade sem crítica.
A magia do dinheiro tem longa história, desde a busca da mágica pedra filosofal que transformaria ferro em ouro, até as experiências alquímicas com chumbo para obter ouro, chegando à equivalência deste metal precioso com as moedas e as cédulas que circulam no mundo até hoje. O dinheiro sempre esteve ligado ao prestígio, à fama e ao poder, portanto, a ambição, domínio e posse.
Ao lado da vontade de saber, o desejo de poder subsume a pulsão sexual, pois a agressividade é sempre aliada neste processo que envolve indivíduos e nações. A passagem do capitalismo concorrencial no século XIX para o de consumo no século XX despertou forças construtivas e destrutivas, que, ao lado da posse pelo mercado capitalista da vida científica, submeteu o homem e o planeta ao seu domínio.
O ecocídio com a destruição da biosfera pelos gases que produzem o efeito estufa, metano e dióxido de carbono, e o aumento da temperatura planetária nos mares levará, segundo todos os estudos científicos atuais, a um cataclismo previsto para no máximo 2050.
O papa convocou mês passado no Vaticano um encontro de prefeitos de todo mundo para discutir a encíclica “Laudato si” (“Louvado seja”), que condena a selvageria capitalista, a destruição do meio ambiente e a desenfreada luta pelo poder no mundo. A imprensa europeia calou vergonhosamente, pois está submetida ao controle da máquina publicitária da Otan, como, aliás, toda a imprensa mundial se encontra afinada com o barbarismo denunciado por cientistas políticos, economistas e jornalistas eticamente comprometidos.
Freud disse há quase um século: “Não posso mais prosseguir sem a admissão dessa pulsão fundamental, seja psicológica ou biologicamente. Meu pessimismo aparece a mim como um resultado, o otimismo dos meus adversários como um pressuposto, espero que sejam mais felizes do que eu”.
Freud disse há quase um século: “Não posso mais prosseguir sem a admissão dessa pulsão fundamental, seja psicológica ou biologicamente. Meu pessimismo aparece a mim como um resultado, o otimismo dos meus adversários como um pressuposto, espero que sejam mais felizes do que eu”.
O papa certamente não comunga desse pessimismo, pois sua visão é teológico-transcendental, mas sua prática coincide com o realismo e o pessimismo político como resultado da infiltração molecular da violência em todos os espaços habitados pelo homem.
A Grécia não é um epifenômeno da concentração capitalista mundial, mas um aviso terrível de que a crise global da economia avança na mesma onda gigantesca que ameaça destruir o planeta. O mercado quer o impeachment do papa!
Valton de Miranda Leitão
valtonmiranda@gmail.com
Psicanalista
valtonmiranda@gmail.com
Psicanalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário