Um em cada quatro indígenas latino-americanos ainda vive na pobreza, apesar dos enormes progressos na região na última década em matéria de desenvolvimento e combate à pobreza, denuncia um estudo do Banco Mundial (BM) divulgado na segunda-feira 15.
O relatório América Latina Indígena no século XXI, a entidade ressaltou que os indígenas representam cerca de 8% da população total, mas são 14% dos cidadãos que vivem na pobreza, e não menos do que 17% das pessoas em situação de pobreza extrema.
"Pela primeira vez na história da América Latina, há mais pessoas vivendo na classe média do que na pobreza", mas "os povos indígenas não beneficiaram na mesma medida que o resto da população. Esta situação é inaceitável", declara Jorge Familiar, vice-presidente do Banco Mundial para a região, em uma entrevista coletiva.
Familiar disse que, de acordo com o estudo do banco, a proporção de famílias indígenas que vivem na pobreza é o dobro das famílias não indígenas na região latino-americana.
"Se quisermos atingir os nossos objetivos de redução da pobreza e impulsionar a prosperidade compartilhada, precisamos combater a discriminação e a exclusão para que todos os latino-americanos tenham as mesmas oportunidades de ter uma vida melhor", ressalta Familiar.
O estudo do Banco Mundial surpreende ao constatar que quase metade (49%) de toda a população indígena latino-americana vive em áreas urbanas. Desse total, a maioria absoluta é relegada a favelas, onde muitas vezes enfrentam a pobreza extrema e vivem em áreas de risco, insalubres e poluídas.
A especialista Dianna Pizarro, especialista do BM em Desenvolvimento Social, apontou que a presença de comunidades indígenas em áreas urbanas pode ser explicada pela possibilidade de conseguir melhores empregos ou até mesmo pelo acesso à educação, "mas que vem acompanhado de uma grande perda cultural".
Nessas áreas urbanas, aponta o estudo, os povos indígenas estão envolvidos em trabalhos de baixa qualificação ou no setor informal e, portanto, sem benefícios sociais.
De acordo com Familiar, o Banco Mundial apresentou o estudo para apoiar "a visão de que a preservação da identidade cultural dessas comunidades não precisa ser contrária à criação de oportunidades e desenvolvimento". Cerca de 80% da população indígena da América Latina está concentrada no México, Peru, Guatemala e Bolívia, de acordo com a BM.
Na Carta Capital
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