Notinhas do Cariri

PAISAGENS
A Região do Cariri constitui uma das mais belas paisagens culturais do Brasil. Dotado de fontes cristalinas que lhe proporcionam grande beleza cênica, o Cariri contabiliza ainda locais como a Cachoeira de Missão Velha, a Colina do Horto em Juazeiro do Norte e a Chapada do Araripe. Já no patrimônio imaterial considerem-se as manifestações de fé, como a Festa do Pau da Bandeira (Barbalha) e as romarias ao Padre Cícero. Incluam-se, ainda, a festa dos Caretas (na cidade de Jardim), a Malhação de Judas (em Crato) e os Penitentes de Barbalha, dentre outras.

NOSSOS BOSQUES
Nos meses de maio e junho a Chapada do Araripe ganha um aspecto primaveril. As flores silvestres, a vegetação e a rica biodiversidade daqueles rincões parecem que ganham mais vida. Aquela região do Cariri conta com a primeira floresta nacional do Brasil, criada há 63 anos. Em agosto de 1997 o então presidente Fernando Henrique Cardoso criou a Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe. Ficam ali as maiores jazidas fossilíferas do período cretáceo do planeta. O que levou o cientista francês Philippe Taquet a escrever: “O estado do Ceará pode se orgulhar de possuir uma das mais ricas, se não a mais rica das jazidas paleontológicas do mundo”.

CALDEIRÃO CULTURAL
Foi tudo isso que levou Oswald Barroso a afirmar: “O Cariri não é apenas um região privilegiada, é uma espécie de caldeirão cultural. Os vários Nordestes, o sertão, o da mata, o do agreste, o da praia, o da serra, com suas diferentes culturas, estão reunidos no Cariri. Nele se pode encontrar marcas da cultura ibérica medieval, com seus acentuados traços mourísticos; da cultura negro-africana, com suas danças e batucadas; da cultura ameríndia, com sua magia anímica, caldeada com elementos modernos das mais diferentes proveniências”.

ÁGUAS DE MAIO
As recentes chuvas destruíram o asfalto da estrada que dá acesso a Santana do Cariri (após a cidade de Nova Olinda). O trecho, pouco mais de 10 km, está tão ruim que os motoristas estão optando por estradas carroçáveis municipais - via Chapada do Araripe - aumentando o percurso. “Capital Cearense da Paleontologia”, Santana do Cariri possui inúmeras atrações turísticas, a exemplo do Museu de Paleontologia da Urca, mirante do Pontal da Santa Cruz, igreja-matriz de Senhora Santana, casarões de arquitetura antiga, trilhas ecoturísticas e até uma vila de casas em estilo europeu, no distrito de Araporanga.

ANOTE: IBOPE EM BAIXA
Não adianta tapar o sol com a peneira. Por conta da crise financeira mundial (que atingiu em cheio o Brasil, causando queda na arrecadação e, consequentemente, nos repasses de recursos federais aos 5.564 municípios brasileiros) as prefeituras do Cariri estão também no sufoco. Talvez seja esta a causa do desencanto da população em relação a alguns prefeitos que foram eleitos em meio a grande expectativa e, hoje, amargam baixa popularidade. Restam a eles culpar a “marolinha” pela ausência das obras prometidas na campanha.

CURTAS
> Faz 35 anos que um caririense galgou a função de governador do Ceará. O último foi o juazeirense Adauto Bezerra, escolhido (por via indireta) em 1974. De lá pra cá só deu governadores oriundos de Fortaleza - Virgílio Távora, Gonzaga Mota, Tasso Jereissati (3 vezes) - e de Sobral, no caso os irmãos Ciro e Cid Ferreira Gomes (...)

> O Centro de Estudos Superiores de Maceió-Cesmac promoverá entre os dias 18 e 19 de junho próximo, o seminário: “Os Beatos e seu Lugar na História”. Beatos do Cariri (José Lourenço, Maria de Araújo, dentre outros) serão objetos de palestras no evento. Durante o seminário será lançado o livro “Padre Cícero do Juazeiro: da Condenação e Exclusão Eclesial à Reabilitação Histórica”, escrito pelo padre Manoel Henrique de Melo Santana (...)

> Deve-se ao padre Neri Feitosa a idéia de aproximação das cidades geminadas: Crato do Alentejo (Portugal) e Crato do Cariri (Brasil) Ele viajou a Portugal em 1987 para conhecer o Crato do Alentejo. De lá retornou com a idéia de se fazer um intercâmbio entre as cidades homônimas. Padre Neri chegou a escrever um livro sobre isso: “Crato, Arneiróz, Feitosa”. Apesar de alguns avanços - no governo Lúcio Alcântara - vinte e dois anos depois a idéia não foi de todo concretizada (...)

> Na sua reunião deste mês, a Comissão Organizadora do Centenário de Juazeiro do Norte fechou os detalhes sobre a programação comemorativa aos 100 anos da imprensa juazeirense. Por sugestão de Renato Casimiro será reeditada primeira edição (fac-similar) do primeiro jornal juazeirense, “O Rebate”, impressa em 18 de julho de 1909, com o objetivo de lutar pela emancipação política de Juazeiro, o qual, á época, pertencia ao Crato.

material publicado no jornal O Povo, na minha coluna "Cariri"