Lotes abandonados, canos do projeto de irrigação danificados, proprietários sem condições de continuar os plantios de bananas, coco, milho e feijão. Esses são os problemas apontados pelos moradores do Perímetro Irrigado de Quixabinha, no município de Mauriti, na Região do Cariri, Sul do Ceará. O presidente da associação dos irrigantes, Evanildo Simão, diz que “está ocorrendo um verdadeiro abandono da área e sem perspectiva de voltar a produzir”. A assistência técnica foi cortada desde o ano passado.
O perímetro tem cerca de 100 associados que vivem em 24 lotes distribuídos numa área de 513 hectares de terras. Desse total, 200 já estavam sem produção por causa do custo da energia elétrica considerado alto pelos irrigantes.“Estamos sofrendo também com a falta de captação d’água para irrigar os lotes existentes. O que está havendo em nosso perímetro é um verdadeiro abandono o Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca), que era o órgão que nos dava assistência técnica”, completa Evanildo.
Ele recorda que “antes, havia um perímetro irrigado fortalecido com produção em larga escala, atendimento técnico na comercialização e orientações para a produção da fruticultura, além da capacitação para os irrigantes”. “Tudo isso acabou”, queixa-se o presidente da Associação dos Irrigantes.
Desde 1994, os colonos do perímetro irrigando de Quixabinha têm um débito em torno de R$ 5 milhões junto a instituições bancárias e a associação não dispõe dos recursos para quitar a dívida. O que eles querem, segundo Evanildo, é receberem o apoio do Dnocs para que possam revitalizar a área, voltar a produzir e ter condições de renegociar a dívida financeira com os credores.
O município de Mauriti, localizado no sertão do Cariri, possui área de 1.263 quilômetros quadrados e se encontra distante 498 quilômetros de Fortaleza com acesso pela BR-116 e apresenta vocação natural para a exploração da atividade agropecuária. Além do Ceará, há perímetros irrigados em outros cinco estados nordestinos. Todos administrados pelo Dnocs.
Transposição
O coordenador estadual do Dnocs, Eduardo Segundo, informa que o Perímetro Irrigado de Quxixabinha vem passando por esse processo por causa das obras de transposição do rio São Francisco.
Ele diz que o Dnocs tem planos para revitalizar o perímetro irrigado de Quixabinha com o final das obras. E quanto à assistência técnica, informa que houve problemas na licitação para contratar um novo grupo para atender aos perímetros irrigados, mas que já está sendo providenciada uma nova licitação. (Colaborou Amaury Alencar).
PERÍMETROS
> Existem 21 perímetros irrigados em seis estados nordestinos que são administrados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
> Nesses estados, são atendidos 6.235 pequenos produtores, dos quais cerca de 3.500 no Ceará só nos projetos Baixo Acaraú, Tabuleiros de Russas, Jaguaribe/Apodi, Morada Nova, Icó Lima Campos, Araras Norte, Curu-Pentecostes e Curu-Paraipaba.
> No Piauí, são atendidos pequenos produtores nos perímetros de Tabuleiros Litorâneos, Lagoas do Piauí, Caldeirão, Platôs de Guadalupe, Vale do Fidalgo e Gurguéia. No Maranhão há pequenos produtores nos projetos Várzea do Flores, Tabuleiro São Bernardo e Salangô; na Bahia, nos perímetros Vaza Barris e Brumado; em Pernambuco , no Moxotó e, na Paraíba, os pequenos produtores
são atendidos no Projeto São Gonçalo.
fonte: jornal O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário