A juíza eleitoral Alexsandra Lacerda afirmou nesta segunda-feira (5) que instaurou procedimento pedindo que o Ministério Público apure desacato do deputado Welington Landim a um policial na cidade de Jardim, durante as eleições suplementares em Jardim, neste domingo (4). Como o deputado tem foro privilegiado, os autos serão encaminhados à procuradoria do Ministério Público, que pode denunciar Landim por desacato.
O deputado Welington Landim disse em entrevista a TV Verdes Mares, que está à disposição da Justiça e que deve acionar seu advogado caso receba a denúncia. O deputado alega também que não houve desacato. "O que houve foi excesso em tratar mal as pessoas, excesso de querer humilhar. O carro do ex-prefeito de Jardim, Fernando Luz, foi vistoriado cinco vezes, e em nenhuma das vezes foi encontrada alguma coisa."
A juíza eleitoral expediu mandado de busca e apreensão após receber denúncia de que Landim e Fernando Luz estariam intimidando os eleitores com uma arma de fogo. Na vistoria, segundo a juíza, Landim insinuou que um soldado iria roubar seu veículo.
“Uma das pessoas que andavam com eles era um procurado nosso e nós queríamos prendê-lo em flagrante”, diz a juíza. As imagens registradas pela TV Verdes Mares Cariri mostram que no momento da vistoria o deputado falou para a reportagem: “registre aqui, imprensa, para saber se eles não vão roubar”. O policial que cumpria o mandado de busca respondeu “aqui não tem ladrão, tenha calma”, segundo o registro. Em seguida, o deputado Landim treplicou: “então me processa”.
O deputado Welington Landim justificou em discurso no plenário da Assembleia Legislativa na terça-feira (6) que nunca precisou de uma arma, e a vistoria não foi em seu carro, mas sim no do ex-prefeito, Fernando Luz. O parlamentar disse que passou o domingo passeando pela cidade, mas que não estava em contato com Fernando, e que só o encontrou na saída do Fórum Eleitoral, depois de encerrada as eleições, quando aconteceu a vistoria.
No carro, foi encontrada uma arma, segundo a juíza. Ela pertencia a um policial que tinha porte para transportar a arma. A juíza determinou a apreensão temporária da arma até que as eleições fossem encerradas. “Nós recebemos a denúncia de que eles estariam usando essa arma para intimidar os eleitores”, diz a juíza Alexsandra.
Ameaças de morte
Ainda de acordo com a juíza Alexsandra Lacerda, os dias anteriores às eleições em Jardim foram “conturbados”. “Recebemos ameaças de morte, de queima de urnas eletrônicas, os delegados de sessão também foram ameaçados”, diz a juíza. Alessandra diz também que adiou até o dia das eleições a entrega das urnas eletrônicas nas zonas eleitorais. “Se entregassem urnas eletrônicas no dia anterior, os delegados poderiam entrar na lista dos possíveis mortos”, afirma. A Justiça Eleitoral recomenda que as urnas eletrônicas sejam entregues no dia anterior à data do pleito.
A Justiça eleitoral pediu reforço às polícias federais e civil. O coronel Francisco Gomes avaliou como tranquilo o dia da eleição. “Estivemos com todo reformo solicitado pela Justiça Eleitoral com cerca de 120 homens, e chegamos ao fim da votação na mais perfeita tranquilidade.”
Prefeito eleito
As eleições suplementares de Jardim elegeram o prefeito mais jovem do Brasil, o estudante universitário Antônio Roriz Neves, de 22 anos. Ele deve tomar posse na Câmara de Jardim em 19 deste mês, em sessão extraordinária.
Roriz substitui o ex-prefeito cassado Fernando Luz, que estava na companhia de Welington Landim no momento da busca e apreensão do veículo onde os policiais suspeitavam de ter armas transportadas de forma ilegal. Ele foi cassado após denúncia de abuso de poder político.
Nenhum comentário:
Postar um comentário