As apreensões de armas de fogo no Ceará cresceram 78% em oito anos. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), foram apreendidas, em 2003, 2.808 armas. Em 2011, o Ceará atingiu o recorde: 4.995 armas foram tiradas de circulação, um aumento de 32,85% em relação a 2010.
O Interior puxou os índices de apreensão de armas para cima. Foram 2.083 armas apreendidas em 2011 contra 1.190 em 2010, um aumento de 75%. Para o titular da SSPDS, Francisco Bezerra, os números devem ser comemorados. “Cada arma que se tira de circulação, é um risco a menos para o cidadão”.
Bezerra avalia que o aumento das apreensões é fruto de uma maior eficiência no trabalho da Polícia e um dos principais fatores na redução de homicídios em 2011. Ele informa que a maior parte das apreensões de armas ocorreu em abordagens policiais a pessoas suspeitas, a traficantes de drogas e a quadrilhas de assaltantes de bancos.
“Tráfico de armas, propriamente dito, não tivemos nenhum caso. Não foi identificado armas chegando em um montante só. Normalmente, as apreensões são feitas em pequenas quantidades”, diz o secretário. Questionado sobre os municípios que mais apreenderam armas no Interior, ele afirma que não houve destaque de uma ou outra cidade.
O coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), Leonardo Sá, critica o trabalho de investigação da Polícia sobre o tráfico de armas. Porém, salienta que o aumento nas apreensões é um dado importante. Na avaliação dele, o problema é que o foco está nas pequenas apreensões, sem descobrir quem são os médios e grandes comerciantes de armas ilegais.
“Entrevistando um policial do Raio, ele me disse: ‘Professor, tenho a sensação de estar enxugando gelo’”, relata Leonardo. Ele traça o perfil dos grandes traficantes de armas. “São segmentos (pausa) perigosos porque têm maior poder social e de influência, inclusive político, empresarial, judicial e policial”.
O professor afirma existir, em alguns casos, envolvimento de policiais com o comércio ilegal de armas. E conclui: “Comprar arma ilegal no Ceará é muito fácil. Inclusive armas novas, potentes, com maior poder de destruição”.
ENTENDA A NOTÍCIA
O Ceará registrou recorde na apreensão de armas em 2011. Porém, especialistas apontam dois problemas: as investigações policiais não chegam aos grandes traficantes e há falhas na fiscalização.
Saiba mais
Segundo dados do Anuário Brasileiro da Segurança Pública de 2011, das 2.514 mortes por agressão ocorridas em 2010, 1.895 foram causadas por armas de fogo. Em 2010, o Ceará ficou em 5º lugar no Nordeste e 9º lugar no Brasil em taxa de mortes por armas.
O Ministério da Justiça não possui um banco unificado e padronizado para processar as estatísticas de segurança dos estados. Por isso, não foi possível fornecer a lista com o número de apreensões em outras unidades da federação.
De acordo com o Ministério, há planos para criar o banco de dados nacional, com estatísticas das secretarias estaduais da segurança.
fonte: jornal O Povo
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