Com cerca de 20 produtores rurais de base familiar, a feira de produtos orgânicos, realizada neste Município, está mudando os hábitos alimentares dos consumidores. Há nove anos, são comercializados, semanalmente, mais de 40 itens, todos produzidos de forma agroecológica, por agricultores de várias localidades da zona rural. A feira nasceu de um processo de organização das comunidades onde existiam plantios sem uso de agrotóxico.
Através da pesquisa "O mercado agroecológico na região do Cariri cearense", a disposição dos compradores em adquirir alimentos orgânicos foi avaliada. Com base na aceitação comprovada no resultado do estudo, os feirantes passaram a ser acompanhados pela Associação Cristã de Base (ACB), instituição que se propôs a oferecer capaci-tações sobre a organização comunitária, produção e comercialização através dos princípios da economia solidária.
Um dos mais representativos objetivos da feira de orgânicos é levar os produtos agroe-cológicos direto dos locais de colheita para a mesa dos consumidores. O modelo de produção sustentável tem favorecido a ambos e já serve de exemplo para o cultivo em outras cidades. Entretanto, para expor na feira do Crato é necessário que o produtor disponibilize os alimentos para que eles possam passar por uma avaliação que constate a ausência do uso de agrotóxicos.
Atualmente, a tradicional feira de orgânicos atrai uma grande quantidade de consumiores. Por semana, os feirantes chegam a apurar, em média, R$1.500, com todas as vendas coletivas. Entre os produtos oferecidos estão alface, tomate, cheiro verde, cebolinha, macaxeira, laranja, feijão, milho, rabanete e até ovos e galinhas caipiras. Com a falta de chuvas suficiente para uma boa colheita, este ano, a produção diminuiu. Alguns alimentos como o andú, fava, feijão e milho verde estão escassos. Quando são encontrados, podem custar caro. Os preços variam de R$ 4 a R$ 8, por quilo. Devido a qualidade dos produtos e a relação construída entre vendedores e compradores, a feira vem proporcionando a fidelização dos clientes.
De acordo com o engenheiro agrônomo, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente e também atual diretor executivo da ACB, Jorge Pinto da Franca, a feira de orgânicos representa a comprovação de que o modo de produção agroecológico é viável e sustentável em todos os aspectos. "Os produtores oferecem alimentos com qualidades nutricionais e sociais, já os consumidores estão cada vez mais conscientes de que os produtos agroecológicos têm menor impacto ambiental e auxiliam na melhoria da saúde de quem os consome", revela.
O próximo passo para o fortalecimento da feira de orgânicos, que em 2013 irá completar dez anos de existência, é realizar uma nova pesquisa para avaliar se nos últimos anos houve e quais foram as mudanças no comportamento dos consumidores. A ACB é referência em agricultura ecológica e no desenvolvimento de ações de melhoria da convivência com semiárido.
No momento, o debate mais forte é sobre a educação contextualizada, onde a população está recebe informações para o convívio com o meio ambiente local. Cerca de cinco mil famílias estão sendo beneficiadas pelos projetos da ONG, que atua com o apoio dos governos.
Diário do Nordeste
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