Em uma assembleia marcada por intensa participação, com centenas de servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), foram reforçadas críticas à situação da instituição, com relatos de que os diversos campi estão sentindo diretamente os efeitos de cortes de verbas promovidos pelo Governo Federal. Os servidores definiram reivindicações a serem apresentadas em plenária do sindicato nacional da categoria e debateram os próximos passos na luta por melhorias no Instituto e por mais respeito à educação.
A assembleia, realizada na tarde de sexta-feira, 26/6, lotando o espaço da portaria do aluno do Campus Fortaleza, evidenciou a forte mobilização dos servidores do IFCE, que já haviam aprovado indicativo de greve em 17 unidades da instituição e voltarão a debater o tema após a plenária do Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) nos dias 4 e 5 de julho, em Brasília.
A plenária nacional do SINASEFE contará com a participação de servidores do IFCE, eleitos na assembleia. Foram eleitos um delegado, Marcelo Marques, e cinco observadores: Renato Cunha, Lígia Gomes, Eulálio Costa, Jerciano Feijó e Márcio Cordulino. Também foram eleitos, na assembleia, representantes para participar do ato público nacional, em Brasília, dos servidores federais, nos dias 6 e 7 de julho: Moacir Caldas, Allana Soares e Elizabeth de Souza. O delegado e os observadores eleitos para participar da Plena do SINASEFE nos dias 4 e 5 permanecerão em Brasília para se somar às manifestações dos dias 6 e 7. A Diretoria Colegiada do SINDSIFCE também apontará, entre seus integrantes, um delegado para participar da Plena.
Na pauta da assembleia, informes, eleição de delegados para a próxima Plena do SINASEFE, análise de conjuntura e avaliação da Plena anterior, contribuições à pauta nacional de reivindicações e calendário de mobilização dos servidores do Instituto. Ao longo da plenária, foi crescente o número de participantes, em uma demonstração do forte interesse dos trabalhadores em debater pautas nacionais e locais de reivindicação. No primeiro ponto da assembleia, Informes, foram abordados temas como o ajuste fiscal do Governo Federal e os cortes no orçamento da educação, aumentando as dificuldades já vivenciadas no IFCE.
Cortes já atingem atividades nos campi
A reunião foi marcada por centenas de colegas debatendo problemas locais e nacionais, compartilhando relatos da difícil situação enfrentada nos diversos campi, dando testemunho dos desafios e da incerteza vivenciados pela comunidade acadêmica, dos grandes temas a questões do dia a dia. Entre os relatos, diversos depoimentos impressionaram pelo contraste entre a realidade nos campi e as informações divulgadas pela administração do Instituto.
Enquanto a Reitoria afirmou à imprensa há duas semanas que haveria corte de 40% nos recursos para custeio e depois voltou atrás, alegando que conseguira evitar a medida, vários servidores relataram na assembleia já conviver com consequências diretas de cortes, no coditiano dos campi. Assistência estudantil, visitas técnicas, aulas de campo e viagens com pernoite vêm sendo canceladas ou diminuindo bastante em diversas unidades, denunciaram os servidores, que apontaram que em algumas unidades os cortes foram oficialmente admitidos pela gestão, inclusive em diálogo com os estudantes, prejudicados pelas medidas.
Os relatos também incluíram impossibilidade de ministrar aulas em salas sem ar-condicionado (por falta de pagamento à empresa de manutenção), Também foi denunciado anúncio, via e-mail, de corte de 50% a 90% nas bolsas do PIBID, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. Foi lida e aprovada uma moção de repúdio aos cortes e de defesa da manutenção das bolsas do PIBID, destacando-se a importância desses recursos para o início da trajetória docente e para a própria manutenção dos participantes no IFCE, evitando evasão. São 552 estudantes, cada um recebendo bolsa de R$ 400,00.
A assembleia também aprovou moção de apoio aos estudantes do Campus Jaguaribe, que elaboraram carta denunciando as dificuldades vividas na unidade e a enviaram para conhecimento da plenária de servidores. Houve ainda denúncia de “cenário de total escassez” no Campus Caucaia. As consequências do processo de expansão acelerado e sem o devido acompanhamento em recursos, infraestrutura e pessoal e a necessidade de defender conquistas alcançadas nas greves de 2011 e 2012 também foram ressaltadas pelos servidores.
Pauta de reivindicações
A assembleia também definiu e aprovou contribuições do Ceará à pauta nacional de reivindicações dos servidores federais da educação. Coordenando a mesa de trabalhos da assembleia, em nome da Diretoria Colegiada do Sindicato dos Servidores do IFCE (SINDSIFCE), o servidor David Montenegro leu a síntese das pautas de reivindicação sugeridas e aprovadas durante os debates:
- Contra a proposta apresentada pelo Governo Federal no dia 25 de reajuste de 21,3% escalonados em quatro anos;
- Contra a terceirização das atividades-fim, de técnicos administrativos e docentes nos Institutos Federais;
- A favor da realização de concurso público para contratação de docentes e técnico-administrativos, a fim de consolidar a expansão da rede federal de ensino;
- Contra o ajuste fiscal do Governo Federal e os cortes nas verbas destinadas à educação
Próximos passos
Os servidores do IFCE estarão representados na 132ª Plena do SINASEFE, em Brasília, nos dias 4 e 5 de julho, e nas grandes manifestações dos servidores federais marcadas para 6 e 7 de julho, também na capital federal. Os servidores aguardarão as definições da Plena, para traçar os próximos passos da luta.
No dia 11 de julho será realizada, na sede do SINDSIFCE, reunião com representantes de campi, para avaliar a conjuntura em cada unidade, no conjunto do IFCE e no plano nacional. Para o dia 17 de julho está prevista nova assembleia geral dos servidores do IFCE, para retomada dos debates, já com mais definições quanto ao cenário nacional.
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