Entre o final da década 1980 e início de 1990, época em que o crescimento do movimento LGBT (então conhecido como GLS) e o avanço da Aids punham a população homossexual em enfoque internacional, coube ao cinema uma nova expressão desse meio. Surgia ali o “New Queer Cinema” (NQC), movimento batizado em 1992 e que propunha a quebra da imposição da normatividade na sétima arte. Hoje, com o movimento estabelecido em escala global, tal expressão ganha espaço na cinematografia de diversos países – incluindo o Brasil. A partir de hoje, a Caixa Cultural Fortaleza recebe a mostra New Queer - Cinema, Sexualidade e Política, com a exibição de 27 filmes, entre obras raras e novidades da produção cinematográfica brasileira.
Na abertura, a mostra recebe o longa cearense O Animal Sonhado, da jovem equipe de diretores formada por Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes. O filme, dividido em seis segmentos, apresenta diferentes personagens lidando com a luxúria. “Temos personagens que precisam lidar com desejos cujos caminhos de realização nem sempre são os mais normativos. Acho interessante ter sido escolhido para abrir uma mostra de cinema queer, pois, a meu ver, isso ressalta a discussão sobre um encontro entre a sexualidade e a produção de desejos”, argumenta Victor Costa Lopes.
O Animal Sonhado, porém, não é a única obra cearense entre as 38 selecionadas. O longa Doce Amianto, de Guto Parente e Uirá dos Reis, será exibido na próxima quinta, 13, e também no dia 19. Já o curta Seams, de Karim Aïnouz, tem exibições marcadas para sexta, 14, e sábado, 22. Para Victor, a recorrência de filmes de temática LGBT no Estado não é parte de um movimento organizado, tampouco uma coincidência. “Acho que muitas vezes a presença queer tem um quê de insubordinação, sabe? É não apenas se arriscar a pensar diferente, mas externalizar esse pensamento”, pondera o cineasta.
jornal O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário