quarta-feira, 25 de novembro de 2015

MORO: "NÃO HÁ PROVAS CONTRA LULA"

No despacho em que determinou a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula suspeito de intermediar propinas envolvendo contrato de navio-sonda da Petrobras, o juiz Sérgio Moro enfatizou que não existe nenhuma prova ou indício da participação do ex-presidente nos atos ilícitos investigados.
"Não há nenhuma prova de que o ex-presidente da República estivesse de fato envolvido nesses ilícitos, mas o comportamento recorrente do investigado José Carlos Bumlai levanta o natural receio de que o mesmo nome seja de alguma maneira, mas indevidamente, invocado para obstruir ou para interferir na investigação ou na instrução", sentenciou Moro na decisão.
Para o magistrado, a prisão de Bumlai foi feita também para conter eventuais danos à reputação do ex-presidente. Fatos da espécie teriam o potencial de causar danos não só ao processo, mas também à reputação do ex-Presidente, sendo necessária a preventiva para impedir ambos os riscos", afirmou.
Bumlai é suspeito de ter tomado um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao banco Schahin, recurso que, segundo os investigadores e com base em delações dos próprios executivos do banco, teria como objetivo ser repassado ao PT.
O fato de Lula não ser alvo da 21ª fase da operação Lava Jato, batizada de "Passe Livre", também foi destacado pelo procurador da República Carlos Fernando dos Santos. Em entrevista na sede da PF em Curitiba, ele disse que não é possível calcular o envolvimento de Lula nas operações financeiras. "Havia o uso do nome do ex-presidente, mas até o momento, em nossos levantamentos não houve alguma intercessão, apenas ouvimos nos depoimentos que as ordens vinham de cima", comentou.
Sérgio Moro considerou a prisão do pecuarista José Carlos Bumlai, alvo central da Operação Passe Livre, deflagrada nesta terça-feira, 24, necessária dentro de um contexto de corrupção sistêmica e profunda. "Embora as prisões cautelares decretadas no âmbito da Operação Lava Jato recebam pontualmente críticas, o fato é que, se a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso", diz Moro, em decisão do dia 19.
"Se os custos do enfrentamento hoje são grandes, certamente serão maiores no futuro. O país já paga, atualmente, um preço elevado, com várias autoridades públicas denunciadas ou investigadas em esquemas de corrupção, minando a confiança na regra da lei e na democracia."
Para o juiz da Lava Jato, a liberdade de Bumlai representaria um "risco à ordem pública". 
Brasil 247

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