Da minha mesa de trabalho em casa, vi pela janela vários passarinhos em cima do muro. Despertou-me a atenção a maneira como um deles usufruía alegremente da sua liberdade: voava alguns metros acima do muro e depois pousava no mesmo lugar. Aí resolveu mudar de brincadeira: ia até o jardim, beliscava alguma coisa no chão e retornava ao muro. Até que foi embora, não sei para onde, mas, certamente, seguindo o rumo que desejou.
Veio-me à mente o contraste chocante de um passarinho preso numa gaiola. Infeliz, não tem um único motivo para ser alegre. Vive de maneira diferente da sua natureza. Não foi criado para viver só, mas ali está, isolado. Foi feito para usar as asas intensamente, mas não as utiliza. Foi preparado para buscar a própria comida, mas não vai, sempre comendo o que lhe colocam. Tem capacidade física para procriar e construir uma família, mas isso também lhe está vedado. Seus instintos naturais nunca são requisitados, jamais tem que tomar uma decisão, pois não tem para onde ir, nem o que fazer. Nunca vislumbra, em altos e serenos planeios ou em velozes vôos rasantes, as belíssimas paisagens que Deus criou, pois fica em sua gaiola onde acharam por bem colocá-lo. Pobre e miserável criatura!
Responda rápido: qual dos dois passarinhos você gostaria de ser? O livre ou o engaiolado?
"Que pergunta ridícula! Claro que é o livre!" - muitos se apressariam em responder.
Mas o crente em Cristo sabe muito bem que essa pergunta não é tão esquisita quanto parece. Antigamente ele também desejava ser livre, pensava ser livre, mas era um escravo. Um dia passou a aplicar para si próprio as várias passagens da Bíblia que chamam o homem de escravo do pecado, cativo pelo Diabo. (Pv 5.22; Jo 8.34; Rm 7.23; 2Tm 2.26). Percebeu que era insatisfeito consigo próprio, envergonhado com seus atos, desejoso de ter outro comportamento. Era como se a sua alma houvesse sido criada para um nível de gozo e paz que simplesmente não conseguia alcançar. Ora, e o que era isso, senão uma terrível escravidão? Era como o passarinho preso: vivendo fora do ambiente que a sua natureza pedia.
E o desespero transformou-se em suprema alegria quando descobriu que há um Deus maravilhoso que se propõe a arrancar o homem dessa situação, através da fé e submissão ao Seu Filho Jesus Cristo. "Ele nos LIBERTOU do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a REDENÇÃO, a remissão dos pecados". (C1 1.13-14).
Aquele que verdadeiramente vai a Cristo torna-se espiritualmente livre! O que é, na essência, liberdade perfeita? É poder fazer o que se tem vontade, desde que essa vontade esteja em harmonia com os padrões estabelecidos pelo Criador.
O homem sem Cristo pode fazer muita coisa, mas é uma liberdade limitadíssima, pois não está livre para praticar a mais nobre atividade do ser humano: agradar a Deus! O passarinho na gaiola é livre para ficar no poleiro mais alto ou no mais baixo; pode escolher a hora de beber água, mas que liberdade mais miserável! O pobrezinho ficará preso até o dia em que alguém, com amor, abrir a porta da gaiola, colocá-lo na mão, retirá-lo dali e simplesmente abrir os dedos, deixando-o livre para viver dignamente a sua vida.
Que maravilha saber que, para os salvos, esse dia chegou e o Senhor Jesus abriu a porta da nossa gaiola!
Boletim Falando de Cristo
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