quinta-feira, 30 de julho de 2009

"Há muito tempo Ciro não ouve meus conselhos", diz Tasso



Por volta das 14 horas, o senador Tasso Jereissati já se encontrava no saguão do Aeroporto Internacional Pinto Martins para recepcionar a figura mais ilustre do PSDB: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que participa hoje de atividades com empresários e políticos em Fortaleza.

Até o desembarque de FHC, Tasso esbanjou simpatia: distribuiu autógrafos, tirou fotos com admiradores e concedeu uma série de entrevistas aos jornalistas que também esperavam a chegada do ex-presidente.

Por mais de meia hora, o senador tucano falou sobre a crise no senado, eleições 2010 e até sobre a possível candidatura do amigo Ciro Gomes (PSB) ao governo de São Paulo. Acompanhe abaixo os principais trechos das entrevistas. (Ítalo Coriolano)


Pergunta - Qual a sua expectativa em relação ao segundo semestre no Senado?
Tasso Jereissati - É péssima. O clima no Senado é muito ruim. Eu disse recentemente pra um jornal de São Paulo que o (José) Sarney (presidente do Senado) não pode repetir o erro do (senador) Renan (Calheiros), de, em vez de se defender, dar explicações, cair na base de contra-ataques, ameaças, e usando tropa de choque. E, na maioria das vezes, uma tropa de choque desqualificada para resolver o problema. Aliás, foi o que agravou de vez o problema do Renan.

Pergunta - Essa ameaça do PMDB de montar dossiês contra o senhor, e também contra os senadores Arthur Virgílio (AM) e Sérgio Guerra, o preocupa?
Tasso - Faz 25 anos que eu tenho ameaça de dossiê em cima de mim. Eu nunca vi esse dossiê.

Pergunta - Como o senhor tomou conhecimento desse contra-ataque do PMDB?
Tasso - Só por notinha de jornal e isso pra mim não quer dizer nada. Eu estou acostumado com isso. Ameaças fizeram parte da minha vida inteira. Desde que eu fui governador do Ceará e resolvi romper com uma porção de coisas que eu recebo ameaças e isso entra por um ouvido e sai pelo outro.

Pergunta - Qual a avaliação que o senhor faz da atuação do presidente nessa atual crise do Senado?
Tasso - Essa situação já poderia estar resolvida se não fosse a interferência quase que autoritária do Lula junto ao seu partido, o PT, quando parecia que o próprio presidente Sarney estava - não agora, há dois meses - disposto a sair, negociar, e o próprio presidente Lula deu a chamada enquadrada no PT. Eu acho que foi uma atitude absolutamente descabida e autoritária do presidente, e eu acho que uma desmoralização pra bancada do PT, que é composta não por bonecos, mas por senadores da República.

Pergunta - E esse incentivo que o presidente Lula está dando para a candidatura do deputado Ciro Gomes ao governo de São Paulo?
Tasso - Eu acho que o Lula está fazendo isso para tirar o Ciro das eleições presidenciais e, assim, concentrar os votos em cima da sua candidata.

Pergunta - Mas o senhor acha que ele tem condições de vencer em São Paulo?
Tasso - O Ciro já foi candidato à Presidência da República duas vezes e por causa disso, pelo seu papel, pelo seu trabalho, ele tem uma projeção nacional. Quando ele assume essa dimensão de líder nacional, ele tem condições de se apresentar em qualquer estado. O resultado, aí só Deus sabe.

Pergunta - Que conselho o senhor daria para ele nesse momento?
Tasso - Olha, há muito tempo que o Ciro não ouve os meus conselhos. Então, não vai ser agora que eu vou dar conselho, não. Conselho a gente só dá para quem quer.

Pergunta - A pauta do encontro que vai ocorrer em agosto entre o senhor e governador Cid Gomes é exclusivamente eleições 2010?
Tasso - Faz muito tempo que eu não converso com o governador, e nós estamos programando um dia aí pra gente sentar e conversar sobre política um pouquinho.

Pergunta - Esse encontro é para repassar reclamações de deputados?
Tasso - Não é repassar, mas fazer uma geral aí da política do Ceará e conversar um pouco, porque é sempre bom. Conversar não faz mal a ninguém.

Entrevista publicada no jornal O Povo de hoje.

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