quinta-feira, 25 de agosto de 2016

No Ceará, a cada 20 candidaturas a prefeito apenas 3 são de mulheres



Para as eleições 2016, foram registradas 506 candidaturas a prefeito no Ceará, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE). Destes, 430
são homens e apenas 76 são mulheres, o que representa 15,02% do total. Em cada 20 candidaturas apenas 3 são compostas por elas. Para as disputas a vice-prefeito, elas são um pouco mais: 397 do sexo masculino e 114 do feminino (22,31%).

Para o cargo de vereador, a proporção dobra. Há 13.574 candidatos às câmaras municipais dos 184 municípios do Estado. Do total, 9.248 são do sexo masculino (68,13%) e 4.326 são mulheres (31,87%). Entretanto, a participação feminina é um pouco maior que o mínimo exigido pela Lei 9.504/97, que determina a partidos e coligações pelo menos 30% de mulheres entre o total de candidatos.

Até esta terça-feira (23), foram incluídos no Sistema de Registro de Candidaturas da Justiça Eleitoral (Cand), somando-se postulantes a prefeito, vice-prefeito e vereador, 14.591 candidatos, sendo 4.516 do sexo feminino (30,95%) e 10.075 do sexo masculino.

Somente em Fortaleza, 1.117 candidatos pediram o registro para os três cardos do pleito deste ano (prefeito, vice-prefeito e vereador). São
779 homens (69,75%) e 338 são mulheres (30,25%). O município cearense com a maior participação feminina é Baixio. São 25 candidatos inscritos, sendo 12 mulheres (48%) e 13 homens (52%).

Cultura machista

A cientista política e professora universitária Carla Michele Quaresma elenca as razões para a pequena participação feminina. Além de vivermos numa sociedade notadamente machista, o espaço político ainda é muito restrito aos homens, que influem, inclusive, na participação de mulheres.

“Quando a mulher entra [na política], muitas vezes é com o homem dando suporte, que pode ser o pai ou marido”, destaca.

A professora ressalta ainda que o aumento do envolvimento feminino em eleições nos últimos anos, ainda que pequeno, reflete uma “falsa candidatura”. Segundo Carla Michele, “essas mulheres, muitas vezes, estão inscritas mas não disputam. Muitas não recebem nenhum voto, nem o delas”. De acordo com a especialista, as candidaturas se prestam apenas a cumprir a cota exigida por lei.

Outro ponto que dificulta o acesso e torna difícil a mudança de cultura, segundo a professora, é quanto se associa um problema de gestão à
condição feminina. “Isso não acontece entre os homens”, disse, E emendou: “a mulher não é percebida no espaço público, principalmente na gestão”.

Carla Michele Quaresma observa que as próprias mulheres se mostram, em geral, arredias à política pela má imagem que ela traz.

“Como crescemos numa sociedade que desqualifica a polícia, seja por corrupção ou mal uso do dinheiro público, por exemplo, a mulher tem
esse receio”, concluiu.

Ajustes

Segundo o TRE-CE, os números divulgados não são definitivos, pois alguns partidos e coligações ainda deverão se adequar para cumprir a cota mínima de 30% para o sexo feminino na disputa para vereadores. Substituições de candidatos também podem acontecer e ainda acontecerá o julgamento de dos pedidos de registro de candidaturas. No dia 13 de setembro, O Sistema Cand será fechado para que os candidatos sejam incluídos na urna eletrônica no dia 13 de setembro.

- Diário do Nordeste

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