domingo, 5 de outubro de 2014

Artigo: "Uma triste campanha"

Da Coluna Política, no O POVO deste sábado (4), pelo jornalista Érico Firmo:
As campanhas eleitorais brasileiras têm se mostrado, como regra, vazias. Neste ano, porém, os candidatos demonstraram particular capricho no descaso.
No Ceará, os dois candidatos que lideram de forma disparada as pesquisas de intenções de voto – Eunício Oliveira (PMDB) e Camilo Santana (PT) – não se dignaram a apresentar programa de governo, enquanto dedicaram muitas das energias das campanhas numa escatológica troca de acusações contra quem estavam aliados até meses atrás.
No Brasil, situação pouco diferente. A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição e líder disparada das pesquisas, tampouco apresentou programa, minimizou essa necessidade e disse que apresentar propostas escritas não garante que elas serão cumpridas.
Ora, se trata com tal descompromisso algo que eventualmente escrevesse, imagine o que nem coloca no papel. Aécio Neves (PSDB) começou a apresentar nas redes sociais, na última semana de campanha, pedaços de programa de governo. Até a véspera da eleição, não havia previsão de lançar um documento completo. Marina Silva (PSB) foi a única dentre os candidatos que aparecem com chance de chegar ao segundo turno que lançou programa com tempo hábil para o eleitor ter conhecimento dele. Foi uma confusão, que levou a constrangedores recuos em pontos que causaram alguma polêmica. A repercussão da mudança foi pior ainda e o desgaste se mostrou enorme.
Diante do completo vazio de consistência, dominou a agressividade em níveis raras vezes visto, com ataques virulentos, que encontraram nos mais novos meios de difusão pela Internet ou telefonia móvel os canais ideais de difusão. O que é pior, muitas vezes, com boa dose de verdade no que um lado dizia do outro.
A tirar pela campanha, as perspectivas para o Ceará e o Brasil não são das mais promissoras. Mas resta a esperança de que os escolhidos se revelem melhores governantes que candidatos.

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