As redes sociais amanheceram a última segunda-feira (27) com novas demonstrações racistas de ressaca eleitoral entre correligionários do candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, derrotado no pleito de domingo último por uma diferença de 3,45 milhões de votos. A intolerância contra nordestinos – já criticados por preferirem Dilma Rousseff no primeiro turno – foi além do discurso sobre a “divisão geopolítica” do Brasil e chegou ao separatismo. Uma ira, porém, que não resiste aos números.
Um dos principais porta-vozes da recente onda secessionista é o vereador da cidade de São Paulo, Coronel Telhada (PSDB), ex-comandante da tropa de elite da Polícia Militar, entusiasta da ditadura e recém-eleito deputado estadual com 254 mil votos. “Que o Brasil engula esse sapo atravessado. Acho que chegou a hora de São Paulo se separar do resto desse país”, lamentou, em sua página no Facebook, reproduzindo um cartaz que convocava paulistas a lutarem durante a Revolução Constitucionalista de 1932 contra o então presidente Getúlio Vargas.
“Já que o Brasil fez sua escolha pelo PT, entendo que Sul e Sudeste (exceto Minas Gerais e Rio de Janeiro, que optaram pelo PT) iniciem o processo de independência de um país que prefere esmola do que o trabalho, preferem a desordem ao invés da ordem, preferem o voto de cabresto do que a liberdade”, queixou-se, antes de questionar: “Por que devemos nos submeter a esse governo escolhido pelo Norte e Nordeste? Eles que paguem o preço sozinhos.”
A simples conferência das urnas, porém, desmonta o discurso do coronel tucano. De acordo com números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nordeste e Sudeste tiveram participação muito semelhante na vitória da candidata petista.
A presidenta Dilma Rousseff obteve um total de 54,5 milhões de votos no segundo turno. A região tão atacada por setores da elite paulista contribuiu com 20,2 milhões de votos – 37% dos sufrágios ao PT. No Sudeste, 19,9 milhões de pessoas escolheram a presidenta – o que representa 36,5% dos votos em Dilma.
A presidenta Dilma Rousseff obteve um total de 54,5 milhões de votos no segundo turno. A região tão atacada por setores da elite paulista contribuiu com 20,2 milhões de votos – 37% dos sufrágios ao PT. No Sudeste, 19,9 milhões de pessoas escolheram a presidenta – o que representa 36,5% dos votos em Dilma.
Por sua vez, Aécio Neves teve 25,4 milhões de votos no Sudeste, quase 6 milhões de vantagem sobre Dilma Rousseff, mostrando que a região claramente prefere o tucano. O representante do PSDB, porém, conseguiu apenas 7,9 milhões de votos entre os nordestinos – pouco mais de um terço da votação obtida pela presidenta na região.
Fica claro, portanto, que o Nordeste nutre ampla predileção por Dilma Rousseff. Mas não é verdade que essa preferência se reflete com tanta ênfase para Aécio Neves no Sudeste.
Fica claro, portanto, que o Nordeste nutre ampla predileção por Dilma Rousseff. Mas não é verdade que essa preferência se reflete com tanta ênfase para Aécio Neves no Sudeste.
Pragmatismo Político
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