quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

PIORES FILMES DO ANO



Os filmes ruins chegam a galope. E neste ano tivemos alguns especialmente horrorosos. Filmes pretensiosos ou simplinhos, que tentam ser vanguardistas ou que emulam o melodrama das antigas. As formas são diferentes, mas isso não importa. Os piores filmes que estrearam em circuito em 2008 foram estes aqui:

Nome Próprio
Murilo Salles

É um amontoado de frases feitas, tentando misturar vestígios de uma cultura underground, de Fante a Bukowski, com uma visão limitada de mundo, aquela coisa pós-adolescente de achar que palavrões, metalinguagem ("ficção não acontece contigo o tempo todo? então me reescreve?") e mais um pouco de álcool e drogas fazem de algo, algo importante. A sensação é de que as frases são pensadas vinte vezes para que tenham um valor extra ("aqui escrevo, escrevo porque preciso"), para que signifiquem ("a dor são poros por onde transpira a escrita"), com maneirismos moderninhos que ficaram datados ("todo mundo já deve ter copiado, redirecionado"). E, sob o pretexto de não ter pudores, qualquer citação a sexo é banalizada. E isso já vem com a defesa acoplada de que quem não gostou deve ser careta.

A Era da Inocência
Denys Arcand

O que incomoda bastante no filme é o quanto ele parece infantil em sua pretensa crítica ao sistema (no caso o canadense, mas poderia ser qualquer sistema). Algumas situações até são desenhadas com algum sucesso, mas suas resoluções geralmente apelam e descambam para o gratuito. É como se estivéssemos frente a frente com um Michael Moore encenado. Tudo é vazio. Tão vazio como as participações de Rufus Wainwtright.

Meu Nome é Dindi
Bruno Safadi

Começa como um filme narrativo ruim, com atores mal conduzidos e um roteiro meio sem graça para ganhar elementos quase fantásticos, partir para a abstração e (tentar) metralhar referências vanguardistas do cinema brasileiro. O resultado é que de ruim ela passa para ridículo e risível - a platéia entendeu bem essa última parte, por sinal. Mas, no fim de tudo, parece bem redondo e concebido exatamente para ser essa massa abominável que termina sendo. Coerentemente vergonhoso.

O Menino do Pijama Listrado
Mark Herman

O filme é de uma pobreza lastimável, se aproveitando de todos os clichês possíveis e imagináveis interessados em produzir lágrimas a esmo explorando criancinhas em situações "inaceitáveis". O pior é que tem gente que compra isto tudo como "cinema de mensagem". Tudo é arredondado para o lado mais fácil, burro e choroso - desde o roteiro tatibitate ao visual que parece de propaganda de sabonete (de época, claro).

O Caçador de Pipas
Marc Foster

Sob a égide do subliminar, como se houvesse algum trabalho de aplicar camadas ao texto, lições de moral são espalhadas ao longo da narrativa. Uma, duas, várias vezes. Tudo muito calculado para entrar no lugar pensado, geralmente pouco antes das faltas. Tudo muito evidente, encaixado sem muito refinamento. O diretor Marc Foster comprova seu talento para fazer filmes ruins.

10000 AC
Roland Emmeric

Eu não sou muito adepto de colocar esses filmes flagrantemente ruins me listas como esta porque eles guardam algum divertimento, mas esse balaio-de-gato que Roland Emmerich entregou desta vez não pode ser ignorado. É risível do começo ao fim, além de ser uma afronta à História e, em muitos momentos, um acinte a qualquer mente pensante. É realmente inexplicável que um filme como este, caro, encontre financiamento.

Armênia
Robert Guédiguian

O roteiro é falho e parece ter consciência disso, mas a sublima com estripulias que fogem completamente do foco. A viagem da protagonista em busca de um pai fugitivo, se transforma numa aula fuleira sobre a história de um país e, conseqüentemente, sobre as origens da ppersonagem. Mas o roteiro nunca dá relevância a nada disso e, ainda por cima, incorpora uns personagens nonsense que não dizem a que vieram.

Desonra
Masahiro Kobayashi

O que poderia se tornar matéria-prima para se investigar comportamentos e tradições ganha apenas a forma de lamentação. O diretor sequer tenta explicar ou entender o que provoca o tratamento dado à protagonista. Para tentar provocar identificação, Kobayashi apela para a pior das táticas: tenta fazer o espectador ter pena da personagem. Não consegue. Os constrangimentos aos quais Yuko é submetida não incomodam tanto quanto a preguiça em desenvolver melhor a personagem.

Arquivo X: Eu Quero Acreditar
Chris Carter

O que mais impressiona é como tudo parece reciclagem barata e nada funciona. O filme de dez anos atrás, de Rob Bowman, era infinitamente mais interessante - ainda mais por se tratar do grande assunto da série, aliens -, além de ser muito melhor dirigido. Chris Carter, além de ter arrumado um motivo chinfrim para retomar Mulder e Scully, não soube dar direção para o filme, que trata o duelo entre fé e descrença da maneira mais rasa e clichê possível.

A Outra
Justin Chadwick

Em uma frase? Parece diretor de filme de adolescentes estúpidos tentando fazer um filme adulto, 'importante'. Em duas frases? Impossível levar a sério um filme de época toda vez que aquele irmão Bolena com cabelinho de MTV boy entra em cena. Em três fases? Parece ter sido feito para provar que Natalie Portman é melhor atriz do que Scarlett Johasson (o que é verdade), mas pede que Natalie exagere tanto na concepção de sua personagem que Scarlett funciona bem melhor.
E como nem todas as notícias são ruins, está chegando a hora de conhecer os melhores do cinema em 2008. A décima sexta (!) edição do Frankie, o meu Oscarzinho pessoal, vem aí, só com os melhores entre os filmes que eu vi exclusivamente nos cinemas, incluindo circuito e festivais. Quem quiser ter um aperitivo de como vai ser pode dar uma olhada na lista de indicados do ano passado.
Fonte: blog do Chico Fireman

Nenhum comentário: