terça-feira, 30 de dezembro de 2008

POLÍCIA DE CEDRO SUCATEADA E POPULAÇÃO NAS MÃOS DOS BANDIDOS

O Município de Cedro, localizado na região Centro-sul do Estado, passa por um de seus momentos mais difíceis. Sem uma delegacia de polícia, cidadãos estão apavorados com o tráfico de drogas, violência, assaltos e arrombamentos de residências. Medo, insegurança e intranqüilidade caminham juntos em Cedro, enquanto a população se sente impotente para denunciar a violência.

“Temos constatado a ocorrência de furtos de veículos, assaltos, homicídios, e, como se não bastasse, a ação dos bandidos já chegou à zona rural. Casas estão sendo invadidas, uma professora foi recentemente violentada em plena luz do dia. Cedro virou rota do tráfico de maconha e cocaína na região, onde quadrilhas organizadas monitoram a situação. Nos bairros, moradores têm que pagar pedágios aos membros de quadrilhas”, denuncia o advogado Gildásio Oliveira Pinheiro, em conversa com a reportagem do JC.

De acordo com o advogado a situação é complicada. “A cidade é rota do tráfico de drogas, pois, diariamente podem ser observados pessoas vendendo crack e maconha em pequenos quiosques que ficam no centro da cidade. Menores são aliciados, se tornam vendedores de drogas, está havendo a ramificação de quadrilhas”, afirma.

Outro problema vivido pela sociedade de Cedro é com relação ao aparato policial. Na cidade não existe uma Delegacia de Polícia, mas uma unidade policial que funciona de forma capenga e sem estrutura. No prédio, há fossas estouradas causando uma fedentina insuportável, banheiros interditados, sistema de fiação elétrica danificado, sistema hidráulico comprometido, o forro de gesso no gabinete do comandante da unidade está ameaçando cair sobre as pessoas. Para complicar mais ainda a situação, no período noturno a unidade fica sem energia elétrica, o único telefone que tem no local é um orelhão e fica do lado de fora da unidade policial.

Com uma população estimada em 30 mil habitantes, apenas três policiais fazem o trabalho de segurança na cidade. Atualmente, quem responde pela unidade policial e os inquéritos, é um funcionário cedido pela Prefeitura Municipal. As ocorrências são feitas em veículos dos próprios policiais.

O promotor de Justiça aposentado José Mauricio Bezerra de Medeiros, em tom de revolta e indignação, afirma que “a cidade dorme e acorda com o clima do medo e de violência, estamos inseguros, e está havendo uma omissão do Governo do Estado. É necessário que o governador libere imediatamente um maior número de contingente policial para Cedro, além de recursos que proporcione um melhor aparelhamento das polícias civil e militar”. Maurício Bezerra lembrou ainda que os inquéritos policiais para apuração de crimes não são instalados, devido a falta de um delegado. Para ele, “nos finais de semana, promotores e juízes saem da cidade, e a segurança fica ao Deus dará, porque, até o comandante do destacamento militar reside em Iguatu, e a única delegacia regional de policia civil que a região dispõe fica em Icó, e abrange mais 16 municípios. A impunidade tem prevalecido a ponto de, quando estes elementos cometem crimes, ficam impunes e livres, passeando nas ruas da cidade, como se nada tivesse acontecido”, sentencia.

O morador José Pereira da Silva, residente em um bairro periférico, disse que não tem mais sossego com a família. “Durmo e acordo preocupado, temendo ser mais uma vítima, porque aqui em Cedro, o que está prevalecendo é o medo. Estamos pagando pedágio para poder sair de casa e ir a qualquer outro local. Se não fizermos isto, conforme ordenam, somos mortos, e isso é revoltante”, avaliou. Pereira da Silva disse ainda que a população de Cedro se sente nas mãos dos bandidos.

A reportagem do JC entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública, mas não recebeu nenhum comentário ou resposta sobre a situação de Cedro. Os policias sediados em Cedro, disseram que não queriam se pronunciar sobre a situação. (Colaboração de Amaury Alencar).

Jornal do Cariri

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