terça-feira, 13 de janeiro de 2009

INDÚSTRIA DA SECA TRANSFORMA ÁGUA POTÁVEL EM COMÉRCIO

A falta de água potável se tornou um comércio para proprietários de carros pipas no município de Campos Sales, localizado no Cariri Oeste. Quatro vezes por dia, caminhões percorrem um itinerário de 73 quilômetros, até chegarem ao Sítio Saco, no vizinho município de Araripina, Pernambuco, para buscar a água que abastece os bairros do município caririense. Cada caminhão pipa comporta 15 mil litros. Alguns proprietários já contrataram funcionários para auxiliar neste trabalho.

A escassez de água potável em Campos Sales já é um problema antigo e se transformou numa indústria rentável. A lata d’água é vendida por R$ 0,70. A dona de casa Francisca Feitosa da Silva, residente no bairro Aparecida, falou que há muitos anos compra água para beber porque o volume hídrico do açude Poço da Pedra, não serve para consumo. “Até para fazermos nossas atividades em casa, a água tem um gosto ruim. Todos os dias os donos de carros pipas me vendem a água que vem do estado de Pernambuco. Compro uma lata e tenho que encher um tambor de mais de vinte litros para consumir com minha família. Em minha casa são mais de cinco pessoas. Eu acho que é uma vergonha a gente ter que permanecer nesta situação”, afirma. Segundo a dona de casa, o governo do Estado construiu uma adutora em Araripe, que seria responsável pelo abastecimento de Araripe, Campos Sales e Salitre, mas a obra nunca funcionou.

Outro fato que está preocupando a população de aproximadamente 30 mil habitantes, é a poluição do Rio Conceição, afluente que corta a cidade. Lixo e dejetos fecais são despejados no rio. O Conceição deságua no açude Poço da Pedra, principal reservatório hídrico construído para o abastecimento da cidade, deixando sua água imprópria para o consumo humano. “Há todo tipo de contaminação. O que imaginar, tem. Eu mesma já tive que levar os meus filhos para um dos hospitais da cidade. Este problema é antigo e nunca houve solução. Quem sempre fica prejudicada é a população, que está pagando um preço muito alto”, disse Maria Cândida Pereira, moradora do Bairro do Guarani.

O presidente da Cogerh, Francisco José Coelho Teixeira, em entrevista concedida ao jornal Alerta Geral, da Rede Somzoom Sat e a FM Canaã, disse estar surpreso com a informação de que a população de Campos Sales teria dificuldades de abastecimento, pois o açude Poço da Pedra, que abastece o município está com 45 por cento de sua capacidade, o que tornaria a água boa para o consumo humano. Ainda segundo o presidente da Cogerh, é comum nessa época do ano, devido a falta de chuvas e a redução do volume de água dos reservatórios, uma diminuição na qualidade da água. Mas, ressaltou que esse problema logo estará resolvido com a chegada do período invernoso. Também ressaltou que a Cogerh irá fazer estudos para examinar se há fatos novos que justifiquem a redução na água fornecida aos moradores de Campos Sales.


Jornal do Cariri

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