quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
MORRE JURACI MAGALHÃES
Sob a fina chuva de uma quarta-feira bastante cinzenta, o corpo do ex-prefeito de Fortaleza, Juraci Magalhães, foi sepultado no cemitério Parque da Paz, por volta das 18 horas de ontem. O último boletim médico divulgado pelo hospital São Mateus – onde o político se encontrava internado desde a última quinta-feira, dia 15 – informou que Juraci faleceu às 10 horas devido a disfunções múltiplas de órgãos. “Ele lutou muito contra a doença. Não foi por falta de luta. Foi cansaço”, disse, com a voz embargada, o filho Magalhães Neto. O movimento de pessoas em torno do caixão chegou a atrapalhar os funcionários do local, o que gerou empurra-empurra em alguns momentos. Emocionada, a viúva Zenaide Magalhães não conseguiu acompanhar todo o sepultamento.
Nos últimos dias, Juraci foi mantido sedado na UTI, onde respirava com ajuda de aparelhos, sob efeito de analgésicos. “Não era para ele ter morrido assim. Ele achava que a cidade ainda não havia o reconhecido pelo que tinha feito”, lamentou o vereador Carlos Mesquita (PMDB), que por oito anos foi líder do ex-prefeito na Câmara Municipal.
Foi também na sede do Legislativo que familiares, amigos e dezenas de autoridades cearenses se despediram de Juraci, num tumultuado velório que durou toda a tarde. Lideranças comunitárias – algumas segurando fotos e quadros com o rosto do ex-prefeito – fizeram coro às orações e músicas religiosas entoadas no decorrer da solenidade.
Distante do caixão e com lágrimas nos olhos, Mesquita lembrou emocionado a última visita que fez ao amigo, no fim de dezembro. “Ele estava triste e me disse: ‘Rapaz, quando você está no poder, você é uma coisa. Depois que sai, vira nada. Antes, minha casa vivia lotada. Hoje, ficam aí me criticando’”, relatou o vereador, acrescentando que, mesmo sendo aliado da atual prefeita Luizianne Lins (PT), continuará defendendo os feitos de Juraci.
Também estiveram presentes no velório os personagens históricos do PMDB: o ex-deputado federal Paes de Andrade e o deputado federal Mauro Benevides. “No sábado, fui ao hospital visitá-lo. Só consegui trocar alguns acenos com ele. Mas ele vai se projetar a partir de agora como um homem que lutou muito por Fortaleza”, disse Benevides.
Além de amigos, o auditório do Legislativo reuniu também antigos desafetos políticos que, ontem, esqueceram o passado de desavenças. Esperada para compor esse bloco, a prefeita Luizianne não compareceu. Entretanto, figuras ligadas à petista ressaltaram que “independente de convicções políticas e ideológicas, é uma perda”, atentou o vereador Acrísio Sena (PT).
Ele recordou os embates travados com Juraci, quando presidia a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Ceará. “Eu não acho legítimo fazer oposição a vida toda e, quando chega nessas horas, dizer que foi tudo maravilhoso”, afirmou.
Menos imparcial foi a senadora Patrícia Saboya (PDT), que chegou ao velório por volta das 17 horas com os olhos mareados. Ela disse que, apesar de ter sido adversária de Juraci, conserva “um grande respeito” pelo ex-prefeito. A pedetista revelou que, durante a campanha eleitoral de 2008, Juraci a procurou para uma conversa que durou cerca de quatro horas. “Foi a única vez que nós conversamos pra valer. Ele queria me dar umas dicas para a cidade”, contou, acrescentando que considera “positivo” o legado que Juraci deixou para a cidade.
A morte de Juraci foi causada pelo agravamento do quadro de pancitopenia, diminuição das células sangüíneas compromete a imunidade do paciente. O problema se deu por conta de câncer de pulmão, com metástase para o fígado. Juraci teve câncer diagnosticado há 12 anos, quando estava no início de seu segundo mandato como prefeito, em 1997. No ano seguinte, ele foi considerado curado. Em 2008, a doença reapareceu.
O Povo
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