Após mais de 20 anos da tragédia, começa hoje o julgamento dos
acusados pelas mortes de 111 detentos na Casa de Detenção do Carandiru. O
júri popular está marcado para as 9h no Fórum da Barra Funda, em São
Paulo. O juiz designado para o caso é José Augusto Nardy Marzagão, da
Vara do Júri de Santana.
Devido ao grande número de réus
envolvidos, o julgamento será feito em etapas. A previsão é de que a
primeira dure entre uma e duas semanas. Na primeira fase, 26 réus serão
julgados (seriam 28 policiais, mas dois deles já morreram), aos quais
são imputadas 15 acusações de homicídio qualificado. Serão julgados, no
total, 79 policiais militares.
Os réus
Os
réus que estarão sendo julgados agora são os policiais militares que
entraram no segundo pavimento do presídio, onde foram mortos 15
detentos. O julgamento dos demais réus ainda não foi marcado, mas
prevê-se que ainda haverá outros cinco ou seis blocos de julgamento. A
expectativa é que novos julgamentos sejam marcados a cada três meses.
Hoje
serão sorteados os sete jurados que vão compor o júri popular. Em casos
mais comuns, são selecionados 25 para o sorteio. Mas, devido ao tamanho
do julgamento, o juiz vai chamar 50 pessoas caso haja desistências.
A
promotoria vai levar seis testemunhas para esta primeira fase de
julgamento: quatro ex-presidiários e um agente penitenciário, todos
testemunhas do massacre, além do perito criminal Osvaldo Negrini, autor
do principal laudo sobre a morte dos presos. Ouvido no ano passado, por
ocasião dos 20 anos da tragédia, o perito disse que nunca havia visto,
durante sua carreira, “algo tão desumano”.
Já a defesa deverá
levar o então governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho como
uma das testemunhas, além do secretário de Segurança Pública à época,
Pedro Franco de Campos, e três desembargadores que eram juízes criminais
quando ocorreu o massacre.
Os promotores que vão trabalhar
no caso são Fernando Pereira da Silva e Márcio Augusto Friggi de
Carvalho. A defesa dos policiais será feita pela advogada Ieda Ribeiro
de Souza.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Segundo
documento de 2000, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH), órgão ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1992
havia superlotação no complexo do Carandiru, o que levou a uma
rebelião de presos
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