sexta-feira, 12 de abril de 2013

MEMORIAL DA IMAGEM E DO SOM DO CARIRI

Está sendo montado o primeiro Memorial da Imagem e do Som do Cariri. A partir do acervo particular do cineasta Jackson de Oliveira Bantim, o espaço foi planejado para guardar a memória dos registros em imagens e sons produzidos na região. Através de pesquisas relacionadas ao tema, ele descobriu que, atualmente, existem poucas informações sobre as produções locais, onde a maioria encontra-se em relicários particulares de famílias.

Para a instalação do espaço, estão sendo arrecadadas as peças de doações de imagens fotográficas, documentários de áudio e vídeo, além de objetos e aparelhos eletrônicos. As pessoas que desejarem contribuir com ação podem deixar seus materiais do contexto na sede do Instituto Cultural do Cariri.

Até agora, o acervo já conta com discos de cera, vinil, fitas cassete e CD´s. Na área cinematográfica, dispõe desde as mídias mais antigas, que datam da década de 50, quando a Atlântida Filmes coordenava as criações, como os filmes em 16 e 35 milímetros e super-8, U-matic, Betamax, DVD e cartões digitais até as mais recentes. Já na fotografia, as peças vão da lâmina de vidro, utilizada em 1885 como negativo das fotos, passa pelas lâminas de flandre, papel, acetato e cartão de memória.

Parte do material foi doado pro professores, radialistas e comerciantes, que mantém o gosto pelas artes. Entre as peças está um piano, cedido por Djacir Oliveira Bantim, que é neta do exibidor e fotógrafo Luiz G. De Oliveira, pioneiro na arte de captar o cotidiano da região e que, com sua máquina Kodak Full Screen, tornou-se o primeiro fotógrafo profissional do Cariri. Devido ao seu legado, o Memorial da Imagem e do Som leva seu nome.

Agora, a expectativa é que o Memorial seja inaugurado até o próximo mês de maio, dentro das comemorações dos 60 anos do Instituto Cultural do Cariri. A ideia central é proteger todo o acervo cultural da região e valorizar os profissionais que, no passado, apesar de terem enfrentado limitações, contribuíram com as artes e com a cultura.

Nos registros estão filmes de Hélder Martins, que foi o primeiro a fazer imagens em bitolas 35 milímetros; Jerffesson de Albuquerque Junior, que rodou vídeos de temas ecológicos; obras de Ronaldo Brito, sobre o coronelismo; e de Rosemberg Cariry, que, com a história do cangaço, atingiu fama nacional através do filme "Corisco e Dadá"; além de documentários de Jackson Bantim, como "As sete almas santas vaqueiras" e "Formação Romualdo - O milagre paleontológico", exibido em 25 países que compreendem a rede de Geoparks no mundo.

Há mais de 40 anos, o cineastra Jackson Bantim vem arquivando objetos e reportagens relacionados a sétima arte. Devido ao grande interesse que mantém pela cultura regional, ele foi adquirindo peças e guardando-as em sua residência até não dispor de espaço suficiente e sua esposa obrigá-lo a parar de colecionar.

Assim, Fátima Serra Bantim o incentivou a realizar seu antigo sonho, que era a montagem de um local de exposição, onde o público tivesse acesso ao material. Ele conta que herdou a mania de guardar essas peças e de documentar coisas do seu bisavô, Luiz G. de Oliveira, e do avô, José de Oliveira e Souza, que foi proprietário de um cinema que funcionou na região em meados de 1939, o Cine Odeon. "Essa já é uma prática antiga da minha família. Acredito que, no âmbito de tudo o que foi feito pela cultura da nossa região, o Memorial surge como um raio que se perpetuará entre as gerações", revela.

Atualmente, a região tornou-se um celeiro de produções cinematográficas. Os vídeos mais recentes tratam de personagens folclóricos, como Zé do Alumin, de lendas famosas, como a das assombrações do Cariri, da história que mostra o Caldeirão de Santa Cruz do Deserto e o massacre ocorrido na localidade em 1937, das cidades, do cotidiano das famílias e da natureza.

Nenhum comentário: