Já estavam programadas, para os próximos dias, os comitês inaugurarem alterações no curso das campanhas dos dois mais competitivos candidatos ao Governo do Estado: Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB), em razão de estarmos no último e decisivo mês da disputa, período sempre utilizado para situações mais impactantes. As pesquisas da última semana, porém, impuseram uma rearrumação nos dois espaços, com a consequente mudança de estratégia.
Do lado de Eunício, para preservar o patrimônio já constituído e buscar novo reforço para não ser surpreendido, mais ainda, na reta final. E da parte de Camilo, para manter o ritmo de crescimento empreendido nos últimos dias, a fim de garantir a realização de um segundo turno e gerar, no meio dos apoiadores, a expectativa de uma possível vitória.
O crescimento da candidatura de Camilo, na última pesquisa do Ibope (20 pontos), surpreendeu até mesmo alguns dos seus principais aliados. O planejamento traçado pela coordenação de sua campanha projetava um crescimento menor, embora com perspectiva de ser constante, para surpreender nos últimos dez dias da disputa. A pequena queda nos índices de intenção de voto em Eunício não abalou. Os líderes da sua empreitada esperavam uma fisgada um pouco maior, embora publicamente o seu adversário não estivesse mostrando o volume de campanha que um afilhado de Governo pode ter.
As mudanças a serem empreendidas pelos postulantes para a consolidação de seus projetos serão notadas na propaganda eleitoral no rádio, na televisão e nas ruas. Uma outra, a do convencimento de lideranças no Interior a reaverem suas posições, esta continuará sendo feita com certa reserva, porém mais intensamente.
Periferia
Os números das últimas pesquisas, embora não tão desfavoráveis ao candidato da oposição, motivam os que sempre querem estar próximo do Governo a vislumbrar a possibilidade de se bandearem para o lado do seu candidato.
Os governistas já estruturam sua máquina, a partir do último fim de semana, como fizeram na eleição municipal de Fortaleza, em 2012. Inclusive com os mesmos personagens que conduziram o comitê do hoje prefeito Roberto Cláudio. Prisco Bezerra deixou a secretaria municipal de Governo e hoje cuida, na Capital, com a ajuda de Queiroz, também de férias da chefia de Gabinete da Prefeitura, de todas as articulações e material necessário a dar maior visibilidade à candidatura de Camilo, evidente, sob a orientação do próprio Roberto Cláudio, que passou a ser o principal eleitor de Santana.
Em Fortaleza, sobretudo na periferia, dá para ser notada uma nova realidade de campanha. Muitos dos vereadores da Capital se misturaram aos postulantes a cargos no Legislativo, mais ligados ao eleitorado fortalezense, e mudaram aquele clima de apatia até então existente, para o de envolvimento. Do lado do Eunício, o eleitorado da Capital também passa a ser prioridade, como também o é da Região Metropolitana.
Constituinte
O movimento em favor de uma Constituinte Exclusiva para a promoção da tão reclamada Reforma Política, cujo ápice promete ser alcançado neste domingo, é louvável, também pelo incentivo ao exercício da cidadania, quase nunca experimentado em defesa de causas nacionais tão caras a toda sociedade. Só uma mobilização nacional, com lideranças respeitáveis, é capaz de fazer o que os brasileiros cobram como mais um instrumento em defesa da ética na política.
Evidente que essa ação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), isoladamente, apesar da grande quantidade de brasileiros envolvidos, não garante a concretização do objetivo. Há fortes reações contrárias à aprovação de uma Reforma Política capaz de afastar do cotidiano das campanhas práticas inescrupulosas aqui já denunciadas e, mais, o exercício do mandato parlamentar ou executivo em desacordo com os bons princípios e à moralidade.
Com os atuais detentores de mandatos, exceção de uns poucos, não se faz a Reforma Política ideal. Todas as tentativas até aqui feitas acabaram sendo infrutíferas por ferirem esse ou aquele interesse dos eleitos pelo sistema atual, apesar de aqui e acolá criticados por eles próprios.
Assim, considerando que o número de assinaturas para a apresentação do projeto de lei de iniciativa popular seja alcançado, o mais importante será a vigilância na elaboração da lei convocatória da Assembleia Nacional Constituinte, para evitar que os brasileiros sofram mais uma frustração.
Diário do Nordeste
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