domingo, 26 de outubro de 2008

TESTE DECISIVO




A candidatura de Márcio Lacerda (PSB) reúne duas bem sucedidas trajetórias políticas: do PT na Prefeitura de Belo Horizonte e do PSDB no Governo do Estado. Apesar disso, o candidato do prefeito Fernando Pimentel (PT) e do governador Aécio Neves (PSBD) tem à frente uma dura competição hoje. Lacerda disputa a cadeira de prefeito com Leonardo Quintão (PMDB), candidato ex-azarão, apoiado pelo ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB). O resultado desta disputa é um dos importantes capítulos da escolha do nome da oposição ao candidato do PT em 2010.

Apesar de Márcio Lacerda ter iniciado a campanha em terceiro lugar - de acordo com Datafolha e Ibope - a expectativa de seus apoiadores era de que a disputa fosse decidida, com vitória, ainda no dia 5 de outubro. PT e PSDB apostavam as fichas nos altos índices de aprovação das gestões de Aécio e Pimentel na capital (85% e 73% respectivamente, segundo pesquisa realizada em junho pelo Vox Populi) para fechar a conta no 1º turno.

Para Helcimara Telles, cientista política e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Pimentel não conseguiu transferir votos de forma concentrada para Márcio Lacerda. Ela aponta para uma dissolução do capital eleitoral do prefeito que, além de beneficiar Lacerda, teria se dividido entre a candidata derrotada no primeiro turno Jô Moraes (PCdoB) e o próprio Leonardo Quintão.

Redefinição
A professora projeta, a partir de uma possível vitória de Quintão, uma redefinição do quadro político mineiro e reflexos para as articulações nacionais. Ganharia o ministro Hélio Costa, que sairia fortalecido para uma candidatura ao Governo do Estado. Por outro lado, Fernando Pimentel veria seu próprio projeto de chegar ao governo perder força. Já Aécio Neves veria seu plano de candidatar-se à Presidência praticamente inviabilizado.

Com a perda de força dentro do PSDB para o governador paulista José Serra, sobraria pouco espaço para as pretensões de Aécio dentro do partido. Uma solução para ele, aponta Helcimara, seria a migração para o PMDB. Lá, dentro de um projeto presidencial, ainda restariam a Aécio as possibilidades de brigar pela posição de vice em uma possível chapa PT-PMDB ou mesmo para encabeçar uma eventual chapa própria.

Mesmo num cenário de vitória de Lacerda, restariam feridas não cicatrizadas no projeto bancado pelo prefeito e pelo governador. Para Helcimara Telles, ainda que o candidato de Fernando Pimentel e Aécio Neves saia vencedor das urnas, ficam explícitos os problemas encontrados na aliança PT-PSDB, um casamento "difícil de deglutir" para os belo-horizontinos.

Como as fichas estavam nas mãos de Aécio e Pimentel, com eles ficou a "obrigação" de eleger seu indicado. Para o PMDB, que saiu como azarão, a vitória viria como grande lucro. Uma derrota de Leonardo Quintão "não é (uma derrota) do projeto do PMDB, até porque esse projeto nem existia", afirma a professora. (Gabriel Bomfim)

Jornal O Povo

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