Acontece hoje, dia 22, a partir das 22 horas, na Praça Cristo Reis no
Crato, mais uma edição do Projeto Cinetério, o qual tem o objetivo de
democratizar o cinema para o grande público e valorizar a praça com
equipamento público de interação e integração das pessoas.
O Projeto é realizado pelo professor Cláudioreis e tem o apoio da
Urca, através da Pró-Reitoria de Extensão – Proex, Sesc, Secretária de
Cultura e de pessoas ligadas ao fazer artístico da região.
Estamira é o filme de hoje
um filme como poucos. O diretor Marcos Prado faz uma denuncia social
corajosa.
Diferente de todos esses filmes medíocres que não acrescentam nada na
vida das pessoas, o documentário Estamira de Marcos Prado chega com um
toque singular e reflexivo. É possível ter dignidade mesmo quando se
vive num "lixão"? O que é insano e o que é razão quando o que se tem
para comer são restos podres e mofados? Quem é Deus nesse mundo tão
cruel e hipócrita? Essas indagações fazem parte do imaginário do
documentário vencedor de 23 prêmios, entre eles nacionais e
internacionais.
O cenário é no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho, em Duque de
Caxias, Rio de Janeiro, lá por dia mais de oito mil toneladas de lixo
são jogadas nos mais de 1.200.000 metros quadrados. Uma situação
deplorável que mistura humanos com animais carniceiros, e os dois
buscam a mesma coisa: sobreviver.
Apesar do vídeo ter só sonoras, não dá aquela vontade de ir embora do
cinema. Pelo contrário, instiga – se ainda mais a cada cena. O filme é
bem singular, corajoso e com uma linguagem muito própria. Ausente de
qualquer "estrelismo" de diretor.
O filme é livre, entra fielmente como um observador do cotidiano, da
vida, do pensamento e do comportamento daquela senhora revoltosa,
doente, louca e cheia de tormentos e crenças. E mostra a realidade
"assim como ela é", sem maquiagem ou panos quentes. Escancara a
opinião de uma mulher que para muitos é apenas uma pobre coitada, com
problemas mentais e que não presta para nada. E que na realidade, é
tudo ao contrário.
Não é possível classificar o filme facilmente ou colocar rótulos ou
estereótipos. Cada cena nos convida a entrar ainda mais naquele mundo
varrido de Estamira, e a cada passo entendemos os motivos que levaram
uma senhora de 63 anos, estar há 20, vivendo no lixão. Sim, por que
para ela, estar no aterro todo dia é um emprego como qualquer outro. É
dali que ela tira o que comer, o que vestir, a decoração de sua casa.
E todo o resto. Ali ela tem amigos de trabalho e até possíveis
maridos.
O filme tem vários sentidos... Cada um deles bem complexos que nos
transmitem divergentes sensações. Realmente, Marcos Prado não teve
medo de arriscar e explorou muito bem cada cena. A construção do filme
é tão bem elaborada e tão sólida que mesmo a cena mais bizarra não nos
remete a pensar coisas do tipo: coitada ou que tolice!.
Estamira é por si superior. Em nenhum momento o filme nos passa essa
sensação de dó e piedade. Mas sim, o de indignação e horror pelo que
acontece com inúmeras pessoas no mundo inteiro que não tem a mínima
condição de viver dignamente.
O filme pode não ter nada disso. Mas Estamira está nos cinemas
nacionais e internacionais, e uma vez vista, fica a sensação de que
estas imagens e a dialética não tem nada de insano.
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Alexandre Lucas (88)9248-5255 E-mail:alexandrelucas65@hotmail.com (uso
diarimente esse e-mail) Acesse o blog do Coletivo Camaradas
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