quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Crea fiscaliza casas do PAC em Juazeiro




Juazeiro do Norte. Começou o processo de avaliação das causas do desabamento das duas casas que estavam sendo construídas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Bairro Limoeiro, neste município. Na manhã de ontem, chegou ao canteiro de obras o engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), Pedro Jorge Monteiro, com objetivo de fiscalizar se as obras e serviços técnicos de engenharia, arquitetura, agronomia, geologia, geografia e meteorologia estão sendo conduzidas tecnicamente por profissionais e empresas legalmente habilitadas. Ontem mesmo, ele se reuniu com os representantes da Construtora Justo Júnior, responsável pela execução do projeto no município.

As casas fazem parte de um amplo projeto, no valor de R$11 milhões, que envolve a construção de 3.336 apartamentos destinados a pessoas carentes da periferia da cidade que moram em áreas de risco. Além do Conjunto Limoeiro, estão sendo construídas outras casas, também na periferia da cidade.

O acidente não diminuiu o ritmo dos trabalhos. De acordo com o mestre de obras Dailson Macedo, 148 operários estão trabalhando na construção das unidades. O prazo para conclusão é de oito meses. A entrega está prevista para março do próximo ano. "No entanto, em razão do adiantamento dos serviços, a conclusão pode ser antecipada", diz o engenheiro Teodorico Sampaio, que acompanha a obra diariamente.

O engenheiro explicou que, não é possível fornecer um laudo conclusivo do desabamento. "Estão sendo levantadas várias suposições. Uma delas aponta para a uma escavação feita na parede para instalação elétrica. Como a laje de concreto ainda estava sendo sustentada por escoramento, a estrutura terminou desmoronado e arrastando a unidade vizinha. Mas esta é apenas uma hipótese", esclarece o engenheiro.

Condições do terreno

A secretária de Habitação de Juazeiro do Norte, Romisa Montenegro, que esteve ontem no escritório da construtora, informou que estão sendo avaliadas as condições do terreno, onde está localizado o conjunto habitacional. "Nossa preocupação é com a segurança dos moradores", garante. Ela, que é engenheira civil, informou que aparentemente nenhuma das outras casas em construção está sob ameaça. Mesmo assim, vai determinar um calculista externo para fazer laudo técnico e averiguar melhor a segurança do restante da obra. "A construtora vai arcar com os prejuízos pelo desabamento sem representar ônus aos cofres públicos. Nossa preocupação é com a segurança dos moradores", reafirma a secretária.

Os 100 apartamentos vão abrigar famílias que vivem em áreas de risco na periferia de Juazeiro. Cada bloco tem quatro apartamentos, com dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro. A expectativa é de que todos fiquem prontos até o fim do ano. Com o desabamento das duas casas, os futuros moradores do conjunto habitacional ficaram "com o pé atrás." "Aquilo é uma armadilha", alertou Erival Artur dos Santos, proprietário de uma serraria na área que será desapropriada para urbanização. O operário Antônio Antenor de Oliveira, que também mora na área de risco, diz que "só vai morar naquele conjunto quem quiser antecipar a morte, o quem não tem casa para morar".

O comerciante Antônio Araújo Padre, que construiu um prédio ao lado do conjunto habitacional, garante que o terreno é bom. "As casas daqui não aposentam rachaduras, o problema deve ser a construção mal feita", acredita ele.

O medo de ocupar os apartamentos não é geral. As pessoas que não possuem casa própria não estão preocupadas com o desabamento. O borracheiro Francisco Pinto Neto garante que, se for sorteado, vai morar no conjunto. A mesma conversa é repetida por outros moradores, notadamente, aqueles que pagam aluguel.

O objetivo da obra não é somente abrigar as pessoas que moram em área de risco. É também executar um programa de saneamento, com a construção de canais, redes de esgotos praças e parques, fazendo a interligação do Parque das Timbaúbas. A parte baixa da Rua Vereador Antônio Brás, onde estão sendo construídas as casas, é um problema de saúde pública. Os moradores reclamam do mau cheiro dos esgotos a céu aberto ao longo da rua.

Mais Informações:
Secretaria da Habitação de Juazeiro do Norte
Rua Padre Cícero, 1.302, Centro
(88) 3511.7871

ANTÔNIO VICELMO
Repórter
Fonte: DN

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