quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

carta aberta ao Reitor

Crato (CE), 15 de janeiro de 2008.

Magnífico Reitor,

É com muita consideração e respeito que dirijo a V.Sa as minhas apreensivas palavras. Mas não poderia deixar de registrar, novamente (carta I), e agora, com muito mais veemência a minha preocupação com os rumos da Vossa administração. Os acontecimentos do dia 10/01/08 são sintomáticos e indicativos e merecem uma análise mais acurada por parte de Vossa Magnificência. Não só uma análise e sim providências imediatas para correções de trajetória. Pois bem, sabemos que a importância da democracia e do seu exercício consiste na distribuição de poderes pelas várias instituições da sociedade e pela independência de cada um deles, de outra forma a democracia seria inviabilizada. Esta será, portanto, a nossa primeira premissa. Na assembléia dos professores acontecida no dia acima referido assistimos a um embate que feriu mortalmente, refiro-me ao convívio desta administração através dos seus pró-reitores com o restante da academia, a condução dos trabalhos necessários ao bom funcionamento desta I.E.S.. Foi um embate talvez nunca antes assistido nesta Universidade, nem nos seus piores momentos, chocando a professores e alunos presentes. Digo nunca antes visto, pois os enfrentamentos da administração anterior se faziam no âmbito interno de conselhos, ou das instâncias acadêmicas, pelo menos nos seus últimos momentos. Perdoe-me a comparação com a administração anterior, nada pode ser mais afrontoso para V.Sa, mas foi inevitável. O convívio está se tornando cada vez mais difícil, porque ao discordar da administração, parece que nós professores nos tornamos seus inimigos. Muitos já não se cumprimentam mais, evita-se até olhar nos olhos das pessoas. São pequenos gestos, mas muito sintomáticos dos rumos que temos tomado. Havia alertado a V.Sa, ainda em setembro, sobre a importância de uma visão, de um plano, de um programa que desse unidade e direção a Universidade. Entendo que houve e há problemas do dia a dia, há sempre fogo para apagar. Registro o Vosso problema de saúde e na nossa torcida na sua recuperação. De qualquer forma, seis meses depois, nem começamos a discutir ainda, ou pelo menos não foi comunicado, nem formalizado, nem colocado em papel, aos departamentos, um planejamento para esta I.E.S.. Mais grave ainda, não foi iniciado processo algum de encaminhamento nesta perspectiva, a não ser o pedido de algumas informações aos departamentos. Mas, não seria esse o foco desta carta, apesar do estreito relacionamento entre os temas aqui tratados. O foco está em que alguns representantes da sua administração provocaram uma cisão entre esta e a academia pela forma como atropelou e destituiu a mesa do sindurca naquela referida assembléia. Tendo um dos membros da administração pedido a inclusão de um ponto na pauta sobre a avaliação da greve e feita a avaliação da greve no seu tempo, o referido representante da administração, juntamente com outros, provocaram uma discussão, que ainda não sei qual era o seu teor. Mas, não tendo saída, pois a avaliação já havia sido feita, no tumulto dos encaminhamentos emplacou novamente o tema, agora de forma mais incisiva: era para ser decidido o retorno às aulas naquela assembléia. O mais grave Magnífico Reitor foi o comportamento de alguns de seus representantes, em verdadeiro desvario, chegando perto da agressão. Magnífico, chegamos a ficar atemorizados com tais comportamentos, porque mostram que pode haver alguma forma de retaliação, quando da demanda dos professores para com a administração. Magnífico será que foi dado um passo atrás? Será que começamos a viver novamente aquele clima de que a administração não representam os interesses da academia, mas de uma minoria que assumiu o poder (e olha que somos apenas um modesta Universidade do interior, mas a fome de poder parece ser de tamanho desproporcionalmente maior)? Ou será que estamos assistindo a um embate pessoal para ver quem pode mais, um combate de egos enlouquecidos e enfurecidos? Seja o que for Magnífico, somente V.Sa pode impor limites, pode desfazer o malfeito, pode estar aberto a ouvir e analisar e se impor acima destes. Somente V.Sa pode dar a direção a partir de um diagnóstico que começa pelos Departamentos e que envolve, sem dúvida, as nossas atividades de ensino pesquisa e extensão. Rogo-lhe que escute a academia, desfaça os egos alucinados, reponha a ordem e o respeito, aplique medidas enérgicas e se achar necessário substitua. Sim, substitua, temos cerca de 300 professores. Ainda há tempo Magnífico, o que aconteceu foi por demais grave para continuar, o site da URCA denuncia isso. Leia, por favor, o artigo da prof. Salete, que de forma clara fez um arrazoado da situação e ainda se pergunta como V.Sa pode deixar que se colocasse no site aquela decisão tomada da forma mais intransigente, delirante... para não dizer mais. É o meu desabafo Magnífico, esperamos pelo seu Brilho Luminoso, pela sua sensibilidade, pela sua tranqüilidade na condução correta, pelo seu discernimento e tome medidas que reponham a nossa Universidade no caminho, independentemente do que pensa esse ou aquele pró-reitor ou diretor de centro, mas dependentemente do bem da academia e desta I.E.S.

José Micaelson Lacerda Morais
Departamento de Economia

nosso comentário: muito lúcida a opinião do professor Micaelson.

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