Érico Firmo
Editor-adjunto do Núcleo de Conjuntura
O crescimento do PRB repete um fenômeno que vem se tornando cíclico na política cearense, e pode ser explicado pela conjuntura interna de outro partido - aquele que comanda o Governo do Estado: no momento, o PSB. Embora detenha o maior número de prefeitos e parlamentares, o grupo do governador Cid Gomes não comanda a máquina, a burocracia do Partido Socialista Brasileiro. Relativamente novos na legenda - estão filiados desde agosto de 2005 -, têm de se submeter à hegemonia partidária da chamada ala histórica, comandada por Sérgio Novais, presidente do partido, da Companhia Docas do Ceará e vereador licenciado. Esse grupo detém as bênçãos da direção nacional - que, na hierarquia do PSB, tem influência direta nos rumos locais da legenda. Esse controle que os socialistas históricos detêm trouxe dificuldades para os Ferreira Gomes. Várias filiações planejadas pelos aliados do Governo do Estado foram barradas pelo comando do PSB. A alternativa foi procurar outras siglas que pudessem abrigar os nomes vetados. Alguns foram para o PCdoB, outros para o PV. Quase todos pararam no PRB. A sigla faz, hoje, o papel que já foi desempenhado, em tempos tucanos, por PSD e, depois, PRP. As duas eram legendas-acessórias do PSDB. Abrigavam aliados do Governo do Estado que, por divergências municipais, não tinham espaço no tucanato. A estratégia levou a situações curiosas em eleições passadas. Mesmo quase desconhecidos, PDS e PRP já chegaram a estar entre os partidos que mais elegeram prefeitos Interior adentro. O poderio, porém, teve vida efêmera. Quando deixaram de ser úteis ao poder de plantão, as siglas foram descartadas. O PRB tem um atrativo a mais para aqueles que buscam um abrigo partidário à sombra do poder - é o partido do vice-presidente José Alencar, com espaços generosos também no Governo Federal. A incógnita é o prazo de validade dos benefícios que a sigla pode oferecer para segurar a leve de filiados que tão repentinamente conseguiu atrair.
(jornal O Povo)
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