quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ARTIGO: REAÇÃO EM CADEIA

Por Denísia de Oliveira
Estudante de Comunicação Social


A violência virou rotina.Chegou feito penetra, invadiu nossa privacidade e se alojou entre nós. Alguns nem perceberam sua presença, outros fingiram não ver,mas houve quem esperasse aquela incômoda recém chegada.
Sentada em um canto de nossa realidade,encontrou outros com quem se identificou. Eram sujeitos fechados, tinham aspecto triste. Indivíduos de passado negro e futuro incerto.Certamente poucos conhecem suas histórias.
Ela era paciente e aceitava as pessoas exatamente pelos motivos que foram abandonadas, seus defeitos.Seu discurso sempre fora o mesmo e era assim que começava sua apresentação.
Eu sou o fruto de todos os transtornos do mundo, de todas as mazelas sociais. Alguns me procuram por prazer mas a maioria, é pela falta de opção. Não me incomodo, na verdade não desprezo ninguém.Eu sou o lado podre da humanidade. Eu me chamo violência, muito prazer.
Eu poderia cobrar um alto valor antes que me usassem,mas as pessoas precisam de dinheiro mais do que eu. Alguns precisam de pão enquanto eu me alimento de suas necessidades.Outros precisam vestir e eu quanto mais nua, mais livre me torno.Enquanto eles buscam abrigo para se proteger,eu busco liberdade para atuar.
Eu lhes ensinei tudo que sabem. Não foram eles que me possuíram, eu é que os consumi por completo.Retirei o pouco de esperança que ainda lhes restava para que não voltassem a ser alvo dos chacais que lhe deram origem e que hoje renegam sua descendência.
Filhos de um casamento mal sucedido entre um pai chamado MUNDO e uma mãe conhecida por SOCIEDADE, fugiram de casa cedo carregando consigo o peso da exclusão, da miséria, do abandono e da falta de amor.
Sabe o que eles me contaram?Que são filhos tortos que foram rejeitados ao nascer, que estão aos montes longe do seio da nossa mãe. E quanto ao Pai? Nem chegaram a conhecer.
Disseram-me que estão cansados de ver um monte de mentiras. Eles só têm a mim. Por isso eu que turvo suas consciências para eles durmam à noite e sejam capazes de sobreviver durante o dia.
A mãe( A corretíssima dona SOCIEDADE) aparece na TV dizendo que está tentando resgatar seus filhos quando na verdade, ao encontrá-los na rua pedindo um trocado, vira o rosto e não lhes reconhece. Ela não pára de falar em direitos humanos mas permite que todas as noites eles durmam nas ruas com a proteção somente de um Deus que eles não conhecem.
Seu maior desejo é acabar comigo.Ela implora todos os dias, da maneira mais dissimulada possível, vamos acabar com a violência.Diz que sou eu que destruo seus filhos, que os aprisiono, que os mato.
Será que não percebe que eu passo agir quando ela se omite?Definitivamente a culpa não é minha. Eu sou apenas alguém que se pode encontrar pelas esquinas da vida.Eu sou apenas um porto que espera seus navios.

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