A indústria da construção deverá ter dificuldades para executar as obras previstas no pacote da habitação, por estar com foco total no mercado de alta renda. Segundo a arquiteta Hermínia Maricato, ex-secretária-executiva do Ministério das Cidades, a capacidade operacional do setor está "travada" na direção dos produtos de luxo, e as empresas tenderão, no máximo, a se adaptar para começar a atender a faixa de cinco a dez salários mínimos, aproveitando os incentivos. Famílias na faixa de zero a três salários, diz ela, ficarão à espera das prefeituras, hoje despreparadas para executar projetos habitacionais. Os municípios levarão pelo menos um ano e meio para fazer licitações, avaliar impactos ambientais e executar obras de infraestrutura para então iniciar a construção das habitações, calcula Hermínia, que se baseia na sua experiência de secretária da Habitação de São Paulo na gestão da então petista Luíza Erundina (1989-92). "Sei o tempo que se leva arrumando a terra, elaborando um projeto, licitando e começando a obra. É muito difícil para uma prefeitura, que não tem equipe, botar isso em funcionamento." A faixa de zero a três salários representa 85% do universo atingido pelo déficit habitacional do País, calculado em 7,2 milhões de imóveis.
O Povo
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