Aliado histórico do PT, o PSB se prepara para deixar de ser um apêndice do maior Partido dos Trabalhadores. A cúpula petista está incomodada com os sinais de força política e da movimentação precoce do governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB. O comando do PT reconhece que Campos pode crescer e se tornar adversário do projeto político petista em 2018 ou mesmo antes disso.
As articulações de Campos começam a ser vistas com desconfiança por dirigentes petistas, como o ex-chefe da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu, que tem feito alertas internos sobre o crescimento do PSB e as pretensões de Campos.
A preocupação ganhou força nos últimos dias com a declaração do ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE), que considera natural um futuro rompimento entre PSB e PT. Apesar da desconfiança petista, Campos tem recebido nos bastidores estímulo do ex-presidente Lula para se transformar em alternativa no futuro. A ideia de Lula seria que é melhor criar alternativas dentro da própria base governista que possam defender o seu legado.
"O PSB vai apoiar o governo Dilma. Mas, para as eleições de 2018, todas as possibilidades estão na mesa. O que interessa para o PT é o projeto de 2014. Há uma tensão nessa relação. Mas não é uma tensão que seja capaz de levar para um afastamento neste momento" reconheceu o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP).
Segundo os socialistas, Campos trabalha com o esgotamento do PT nos próximos anos, mas com a manutenção da forte influência do lulismo. A estratégia do PSB é consolidar o governador pernambucano como opção ao PT. Nas palavras de um interlocutor do governador pernambucano, Campos quer estar pronto em 2018 para ser uma opção competitiva, tendo como plano ganhar visibilidade e acumular forças para enfrentar concorrentes do PT e do PSDB.
A eleição de sua mãe, a ex-deputada Ana Arraes (PSB-PE), para vaga de ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) faz parte dessa estratégia.
"O PT sempre foi majoritário na base aliada. Mas não há eternidade na política", destaca o líder do PSB no Senado, Antonio Carlos Valadares (SE). "O PT precisa ter espírito democrático para entender que todos podem crescer. E, se o PSB tiver um projeto próprio no futuro, o PT tem que avaliar que é melhor que o governo fique nas mãos de aliados que nas de adversários", acrescenta o senador.
Esse ponto incomoda o PT, que, apesar do desejo de continuar no comando do País, a legenda não tem nomes para suceder Dilma Rousseff, depois de uma eventual reeleição.
Campos tem enfatizado o crescimento do PSB e sua estratégia para fortalecer a legenda em 2012, com meta de fazer entre dez e 12 prefeitos de capitais. Seu partido também tem feito parcerias com adversários históricos do PT. Em São Paulo, o PSB já faz parte do governo do tucano Geraldo Alckmin. Em Minas Gerais, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), está cada perto de restabelecer aliança com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), causando atrito com o PT local.
fonte: DN
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