quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Os 45 anos da Fantástica Fábrica de Chocolate



Quando Willy Wonka resolveu abrir as portas de sua fantástica fábrica de chocolate, crianças do mundo inteiro correram até as lojas de doce em busca de um bilhete premiado. Apenas cinco pequenos sortudos teriam o direito de transpor os portões e descobrir os segredos do excêntrico criador. Sem sombra de dúvidas, o enredo de A Fantástica Fábrica de Chocolate, filme lançado em 1971, é um dos mais cativantes das últimas décadas. Por gerações e gerações, crianças sentaram diante da televisão para imaginar: “e se fosse eu a adentrar nessa fábrica?”.

A produção, que completa 45 anos em 2016, vem permeando o imaginário infantil com guloseimas, invenções apetitosas e a graciosidade dos pequeninos Oompa Loompas. O longa-metragem dirigido por Mel Stuart tornou-se um clássico mundial. Em 2005, o cineasta Tim Burton lançou uma nova adaptação da obra, com o título Charlie and the Chocolate Factory, em inglês. “Adoro as duas versões, mas prefiro a mais antiga porque foi o clássico da minha infância, assisti várias vezes, acho mais criativa e fantasiosa”, opina a gerente de produção cultural Talita Jeane, 24 anos, lembrando as tardes diante da televisão quando era criança.

Apesar das diferenças sutis entre os dois longas, o cerne da história permanece o mesmo. Willy Wonka, mais famoso produtor de chocolates do mundo, resolve abrir as portas da sua fábrica para cinco crianças. Para isso, seria necessário achar um bilhete dourado encartado em uma barra de chocolate. Veruca Salt, Violet Beauregard, Mike Teavee e Augustus Gloop são os primeiros quatro sortudos a encontrar o passaporte. Eles conseguem isso utilizando o dinheiro dos pais para comprar centenas de milhares de barras ou para contratar estatísticos que calculem onde estaria o bilhete mágico.

Os quatro, irritantes e mimados, se diferenciam de Charlie Bucket, personagem interpretado na versão de 1971 por Peter Ostrum e na versão de 2005 por Freddie Highmore. Morador dos arredores da fábrica, o garoto de família humilde passou a infância inteira sonhando com os mistérios guardados pelos portões de Wonka. Contra todas as possibilidades, Charlie encontra um bilhete e segue – ao lado do Vovô Joe, vivido por Jack Albertson – para a fábrica. “Gosto bastante da lição de moral que o filme passa, ele mostra que tudo é possível, até para uma criança pobre e sem perspectiva, mas cheia de esperança e muito sonhadora”, pontua Talita. As quatro primeiras crianças são eliminadas ao longo do passeio pela fábrica, pois se envolvem em acidentes com as fabulosas invenções do senhor Wonka. Somente Charlie vai até o fim.

O estudante João Victor Alencar, 18 anos, conheceu o longa de 1971 anos após ter assistido a versão dirigida por Tim Burton. Até hoje, ele considera a produção de 2005 mais acertada – principalmente, ao tratar dos sérios problemas de conduta moral que Veruca, Violet, Mike e Augustus têm. “Apesar dos estereótipos serem forçados em diversos pontos, eles conscientizam o público infantil sobre erros como arrogância, antipatia e vício por tecnologia”, aponta. As crianças se envolvem em acidentes na fábrica, pois não aceitam ter as vontades contrariadas, fruto de uma vida de mimos e vontades atendidas pelos pais.

“A narrativa é muito interessante pelo fato de haver uma interação muito forte do Charlie com o Willy, pessoas totalmente diferentes, mas que se ajudam em momentos de dúvidas e traumas”, opina Victor. Graças a imaginação e ao senso de cooperação, o garoto que via a família inteira sofrer com a fome, incluindo os avós acamados, torna-se herdeiro da fábrica. “Eu também tenho um amor pelo Willy, sua excentricidade e sua ousadia que foi ter construído aquela fábrica, mesmo quando os pais diziam o contrário”, reforça Victor.

SAIBA MAIS


O longa foi filmado em 1970 e lançado em 1971. À época, a bilheteria foi considerada um fracasso. Apesar disso, o filme tornou-se um clássico da televisão. A inspiração para o filme veio de Charlie and the Chocolate Factory, livro publicado por Roald Dahl em 1964. A obra tem milhões de cópias vendidas ao redor do mundo e tradução para mais de 30 idiomas. Boa parte das guloseimas do filme eram verdadeiras, incluindo pirulitos gigantes. As barras de chocolate mostradas, entretanto, eram feitas de madeira.

Os Oompa Loompas, funcionários da fábrica, são considerados os personagens mais cativantes da história. Em 1971, eles foram interpretados por três atores: Angelo Muscat, George Claydon e Hussien Farhat. Já na versão de Tim Burton, os pequenos operários são vividos somente por Deep Roy.

O ator Gene Wilder, que interpreta Wonka na primeira versão, morreu em agosto último, devido a complicações do Mal de Alzheimer. Ele sofria com a doença havia três anos. Na versão de Tim Burton, o dono da fábrica é vivido por Johnny Dep.

- no jornal O Povo

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