quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A responsabilidade dos meios de comunicação: a música-hino do tráfico

Vivemos um mundo de violência. É triste ver que a humanidade caminha para a barbárie. A mensagem do doce Amor está longe de penetrar nas mentes das crianças, dos jovens e dos adultos. O que penetra é o desejo sexual, a paixão, a carência e todas as fraquezas humanas. Os meios de comunicação, com raras exceções, propagam valores contraditórios. Canta-se o amor, mas na verdade ensina-se o desejo sexual, a paixão e os impulsos instintivos. Canta-se a justiça, mas na verdade atualmente ensina-se a música-hino da lei do tráfico (tá...tá...tá...rá...rá....tá...tá...tá...pá....ti bummm....). Eu sei que na democracia ideal todos são livres para expressarem suas visões e valores. Mas, quem vai estabelecer o que é justo e o que é de direito? Eu sei que todos têm o direito de se manifestarem como podem e devem numa democracia de verdade. Mas, mesmo assim devemos perguntar: é justo que se ensinem as crianças e jovens que pegar em arma de fogo é bonito e legal (sintam o drama lá nos EUA – crianças compram armas legalmente e matam colegas, professores etc)? Algumas rádios do cariri, e creio que em centenas ou milhares no Brasil, estão propagando a música-hino do tráfico. O que esperar de uma sociedade do futuro onde nossas crianças - bastante vulneráveis! - aprendem que matar é bom e justo? E que amar e perdoar o outro é careta e cafona!
Confesso que minha indignação é grande (eu sou carioca e senti na pele - a violência de lá) quando escuto uma rádio de reputação em Juazeiro do Norte-CE quando entra nessa moda (irresponsável!) sem ter o mínimo sentimento de respeito aos ouvidos de seus diletos ouvintes. Eu venho desligando o rádio quando escuto a música-hino do tráfico. É bonito assistir pessoas com o porte do Sr. Hilário falando em paz, amor e justiça. Mas, é triste ver que em seguida a rádio onde propagou temas tão importantes não tenha o mínimo de bom senso para perceber que uma rádio (ou outro meio tecnológico) não é apenas um meio de comunicação e entretenimento, mas além disso é um instrumento de elevação moral e ética da população ouvinte. E além disso, é parte de um sistema pedagógico complexo da sociedade em que se insere. A música não só diverte e embala os corações, mas ensina também a amar e a matar. O que queremos: Liberdade responsável ou libertinagem irresponsável e criminosa? A mente humana é como uma esponja. Ela absorve tudo que entra no canal de percepção. O nosso campo de percepção é vasto e sutil. Podemos deixar entrar coisas sadias ou não. E ai construímos um estado de consciência em função do que absorvemos e filtramos. E como estamos filtrando – se é que estamos? – as impurezas e imperfeições propagadas pelas ondas dos meios de comunicação? Creio, que estamos vivendo uma CAVERNA DE PLATÃO moderna. Estão ensinando a ver a aparência da realidade, um mundo de valores obscuros e falsos - apenas sombra, desamor e morte! E com toda certeza digo: a violência tende a aumentar. Nada acontece por acaso! O que plantamos com persistência– colhemos também. A apatia e a insensibilidade dos que dirigem esses meios de comunicação é um sinal de que esses instrumentos foram dados para mãos erradas.
A música-hino do tráfico foi financiada por quem? Pensem a respeito. E se não mudarmos esse caminho, não poderemos chorar a perda de um filho morto por mãos e mentes vulneráveis e mal formadas que foram educadas a pensar que matar é bom, legal e corajoso. Vocês decidem! Falem e gritem – enquanto há tempo – mas, por favor, não fiquem calados, porque quem cala consente.
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – (88) 9201-9234 – bernardomelgaco@hotmail.com

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