segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

CARIRI PREPARA EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS DERIVADOS DO PEQUI




A safra do pequi no Cariri já começou. A expectativa este ano é colher acima de duas mil toneladas, uma das maiores safras de todos os tempos. Grande parte dessa produção é vendida a preço irrisório para os Estados da Bahia, São Paulo, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os produtores se queixam do baixo preço porque vendem 100 unidades de pequi por apenas R$ 4,00, que acaba nas mãos de atravessadores.

Moradores do Sítio São José, no município do Crato, onde existem mais de três mil pés do fruto e 900 catadores, resolveram montar uma agroindústria para fabricar molho, farinha, bolo, licor e maionese da polpa do pequi, alem do óleo da amêndoa. Com recursos da ordem de R$ 82.000,00, originários do Projeto São José, os pequenos produtores construíram um galpão, adquiriram equipamentos, bem como um viveiro para propagação da cultura do pequi como forma de consciência preservacionista.

Os catadores querem influenciar na forma da colheita da safra, pondo um fim aos atravessadores. Outro ponto importante do projeto é integração de outros municípios onde há produção do pequi. De acordo com o professor Raimundo Barreto, Diretor regional do Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Cariri (Centec), sediado em Juazeiro do Norte, os municípios de Crato e Barbalha despontam como as maiores produções. Crato deve produzir, este ano 1,8 mil toneladas e, Barbalha, 920 toneladas do pequi. Municípios, como Santana do Cariri, Nova Olinda, Jardim e Missão Velha, também aparecem como grandes produtores.

Safra na Floresta

Na margem da CE 262, que liga Crato a Nova Olinda, na área nativa da Floresta Nacional do Araripe, é comum os passantes vêem barracas de palha com diversos produtos à venda. O pequi é uma das principais atrações desses barraqueiros que, em sua maioria, compram dos produtores rurais que ficam no interior da mata, colhendo o fruto. Famílias inteiras têm, na safra do pequi, uma fonte alternativa de sobrevivência. São milhares de toneladas colhidas todos os anos, comercializadas às margens da estrada, e depois enviadas para cidades de todo o Cariri e Fortaleza.

O produtor José de Sousa Figueiredo é um dos exemplos de trabalhador que espera a safra do pequi para faturar mais. Todo período de safra, o agricultor sai de sua casa e segue, com seus filhos, a catar pequi na floresta. Há ocasiões que chega até a pernoitar no mato. “Só adianta colher o pequi que cai do pé e, para fazermos isso, temos que envolver toda a família, assim podemos garantir um renda a mais para nossa sobrevivência”, afirma.

A vendedora Maria Cleide da Silva, proprietária de uma pequena barraca na rodovia, compra o pequi dos catadores e o revende as pessoas que passam pela rodovia. O saco pequeno do pequi está sendo vendido a R$ 1,00 real enquanto o cento é comercializado a R$ 5,00. Ela avalia que as vendas estão bem. “Costumo vender bem, muitas pessoas param o carro aqui e comprar até de cento”, avalia, lembrando que já vendeu pequi para os Estados do Piauí, Pernambuco e Paraíba.

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