O Cariri tem o
segundo menor pólo de produção de frutas irrigadas do Ceará, envolvendo
seis mil hectares em apenas oito municípios para o cultivo de bananas,
abacaxi, goiaba, manga e uva, alem de hortaliças e flores.
É muito pouco
para uma região com um potencial hídrico grandioso e com todas as
características climáticas favoráveis, disse o técnico agrícola Vicente
Lucio da secretaria municipal de agricultura do Crato que, em parceria
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas IBGE e Sindicato
dos Trabalhadores Rurais, realizou pesquisa e constatou que a produção
de frutas na região, incluindo a de sequeiro, caiu 25,76 % entre 2011 e
2012 por falta de chuvas regulares e incentivo tecnológico.
A ausência de
políticas publicas, projetos governamentais e empreendedorismo é também
fator preponderante na diminuição da produção que vem ocorrendo
paulatinamente a cada safra sendo que, nos períodos de estiagem
prolongada, como os que aconteceram nos últimos dois anos, a queda da
produção foi bem mais acentuada, disse Vicente Lucio. Para ele tem que
haver uma mobilização envolvendo produtores, governos e entidades
parceiras no sentido de fortalecer o segmento frutífero do Cariri quanto
à questão de melhorias da produção e de mercado.
De acordo com
as estatísticas mostradas pelo IBGE, secretaria municipal de
agricultura do Crato e Sindicato dos Trabalhadores Rurais a maior perda
foi da manga que registrou queda de 735 toneladas em 2012 em relação a
2011, ou seja, 53,8 %, seguido do caju 46 %, laranja 30 %, mamão 29,3 %,
seriguela 24,47 %, pinhas 22 %, abacate 12,3 % e acerola 18 %.
O produtor de
bananas no Sitio Baixio das Palmeiras, município do Crato, Aloísio
Gomes Sobrinho lamenta o fato de o Cariri ter solo, clima e água em
condições de gerenciar uma produção suficiente para garantir o
abastecimento dos 32 municípios da região e que, por falta de orientação
técnica e projetos, a região ocupa as ultimas colocações em relação às
demais localidades do Ceará.
Já Assis
Limeira Alves, que iniciou plantio de acerola na mesma localidade,
reclama dos preços de mercado que, segundo ele, não compensa,
principalmente para o pequeno produtor. Os produtores em geral do Cariri
são unanimes em afirmar que falta mais habilidade dos poderes públicos e
dos órgãos gerenciadores no sentido de aquecer a produção. Explicam que
se não houver um projeto regional capaz de redimensionar toda a cadeia
produtiva, o consumo de frutas e hortaliças pelo caririense continuará
dependendo da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e até de Minas
Gerais.
Apesar das
dificuldades, o Cariri ainda é destaque na produção de seriguela. A
região colhe anualmente 900 toneladas que são exportadas para
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. O engenheiro agrônomo da
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural EMATERCE, José Ladislau
de Sousa, disse que a produção de frutas na região caririense é
insuficiente para atender o consumo regional e aponta, alem da
seriguela, a banana irrigada.
O Crato tem
60 hectares produzindo 720 toneladas/ano e também cinco hectares de
goiaba com produção de 150 toneladas a cada safra e coco verde oito
hectares. Para Ladislau a região tem potencial para produzir o triplo
dessa capacidade basta redimensionar a cadeia de valor entre produtores,
governos e órgãos públicos.
Jornal do Cariri
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