sábado, 16 de março de 2013

EDITH PIAF, O CANTAR DO CORAÇÃO



Por Emerson Monteiro

Nisso de buscar música na internet, quis reaver algumas canções de Edith Piaf, cantora francesa da primeira metade do século XX, cujos discos costumava ouvir dentro das noites baianas de apartamento. 

A bela voz e as lindas canções, quais No je ne regrette rien, Les amants, La vie en rose e L'hymne a l'amour, da pequenina intérprete, demonstram o quanto de permanente há na criação artística para além das ilusões que desaparecem nos transes cotidianos. 

Mulher de personalidade marcante, Edith Giovanna Gassion se destacou entre as vozes definitivas da fonografia mundial. Talento ímpar, Edith Piaf se consagrou também através de inúmeras histórias que protagonizou, algumas delas que falam dos momentos trágicos que vivera.

Nascida em 19 de dezembro de 1915, sob o claro de um poste de Paris, filha de pais artistas; a mãe, cantora; o pai, acrobata de rua; vivia solta nos bulevares junto com outras crianças pobres e maltratadas. 

Vítima de inflamação nas córneas, logo na infância sofreria de cegueira temporária, que curou após promessa com Santa Teresa de Lisieux. Acompanhava o pai e recolhia as moedas que lhe jogavam no decorrer das apresentações, numa fase de muita privação, o que marcou sobremodo a sua personalidade. 

Na adolescência, se iniciou na música cantando nas praças de Paris ao lado de Simone Berteaut, com quem formava dupla. A amiga lhe conduzia no submundo da metrópole, despertando sua voz forte a troco das gorjetas dos admiradores.

Aos 18 anos, deu à luz Marcelle, filha do amante Petit Louis, morta de meningite com apenas dois anos, em 1935, ano quando Edith foi descoberta para a fama em tarde fria de outono, ao cantar nas calçadas para sobreviver, e, por acaso, chamou a atenção de um empresário das casas parisienses.  

Conheceu vários amantes, chegando a viver intenso romance com Yves Montand, o célebre cantor e astro do cinema francês da primeira metade do século. 

Em outubro de 1949, quando realizava turnê pelos Estados Unidos, pediu para que o pugilista Marcel Cerdan, seu namorado daquela ocasião, lhe fosse ao encontro. O lutador pretendia seguir de navio desde a Europa, viagem que duraria uma semana. A cantora, no entanto, insistiu para que viajasse de avião. Daí jamais voltaria a vê-lo, pois o avião Constellacion em que seguia caiu sobre os Açores, na travessia do Atlântico.   
Piaf chamou a si a responsabilidade pela dolorosa perda, nunca se refazendo, ocorrência que assinalaria em definitivo a larga carreira de sucessos.

Depois, ainda sofreria dois graves acidentes automobilísticos, motivos de danos à saúde, deixando-a arrasada sob o uso constante de morfina e álcool, vítima de irreparáveis sequelas.

Em 1956, livre do álcool, percorreria países da América Latina em apresentações que duraram perto de cinco meses. O sofrimento com a perda de Cerdan nunca esqueceria, e os prejuízos ocasionados pelos vícios pouco a pouco a destruíram. Com apenas 34 quilos e 46 anos de idade, que, segundo os biógrafos, mais pareciam 60, no dia 09 de outubro de 1963, Edith Piaf deixava este mundo, legando às gerações melodias imorredouras. 

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